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04 setembro 2011

un laberinto de laberintos


«Pensé en un laberinto de laberintos, en un sinuoso laberinto creciente que abarcara el pasado y el porvenir y que implicara de algún modo los astros. 
Absorto en esas imágenes, olvidé mi destino de perseguido. Me sentí, par un tiempo indeterminado, percibidor abstracto del mundo. 
El vago y vivo campo, la luna, los restos de la tarde, obraron en mí.»
.
        Jorge Luís Borges,
            Ficciones

30 outubro 2010

Un país desnudo

.
de esperanza de sueños de voluntad Un pueblo descamisado y todavía desunido Un ejército sin armas y sin ganas sin ideas o ideales Autómatas perdidos en un agujero hondo de pasividad - oscuro, ensordecedor Una mole deshumanizada inerte impotente anestesiada durmiente muerta



a imagem: "Silence", de Max Ernst

25 abril 2010

saudade

.. do futuro, de um sonho a cumprir ..
*

*
.. e uma citação que a Em@ usa em cada mail:


      
      "A saudade 
       é uma tatuagem na alma
       só nos livramos dela 
       perdendo um pedaço de nós."
 .

   in "O outro pé da sereia", Mia Couto 
.

23 abril 2010

antes que acabe o dia..

Ouvi-o hoje duas vezes, uma delas a propósito do concurso de professores: este governo não é pessoa de bem.
Novidade? Nenhuma. Só o registo da tardi-érrima conclusão.
Que este, o anterior governo, quase todos os governos, a bem dizer, não são pessoa de bem e agem de má fé é um dado mais do que adquirido. Que os políticos (quase) todos se estão bem marimbando para outros interesses que não os próprios, quase uma la-palissade. Que o digam os professores, e é só um exemplo.
Pois hoje insurgia-se na rádio (assim a modos que incrédulo - e eu pergunto-me como pode, tanta ingenuidade, tanta cegueira - tanta fita?) - insurgia-se então um qualquer senhor do PSD  contra a inconstitucionalidade de se alterarem as regras do jogo a meio do processo (pois, deixa-me rir, que  grande novidade ! ou ainda não conhecem o engenheiro??) desta feita a propósito da tributação de mais valias bolsistas. Ah, os 'grandes grupos' não são abrangidos pela manobra, óbvio!- e nada de novo. Apenas mais uma entre milhentas ilegalidades, dispiciendas de tão corriqueiras.
Algum espanto? Nenhum. Só mesmo ouvir Cavaco Silva a exortar à esperança (oh por favor!!) - e no futuro, esclarece ele. Mas qual esperança, qual futuro?
.
E o 25 de Abril aí às portas, mais uma vez. As previsíveis comemorações ocas de sentido,  e as palavras caindo, quando haviam de queimar. Palavras desvirtuadas, o significante totalmente outro. Palavras conspurcadas por bocas que não deveriam ousá-las.  
Ousar .. lutar, ousar vencer, um slogan que de repente me vem à memória como uma frase batida.
Vazia.
E eu que ontem voltei a ver Os Capitães de Abril dessa Maria irmã da Inês, tão alheia uma a tudo o que filmou e o que disse e que pensou a outra. Eu e uma turma de 10.º. Os alunos silenciosos, suspensos da alheia história, daquelas imagens impossíveis, eu falando-lhes em off, contando-lhes de como foi  assim mesmo tudo quanto aos dezoito anos vivi senti sonhei.. Eu não me contendo de chorar,  cenas que me desfazem, acontece-me sempre que vejo o filme. As lágrimas são as minhas mas o choro não é meu, qualquer coisa assim disse o António Gedeão. Choro por mim e por nós todos que acreditámos. E choro pelo muito, pelo absolutamente tudo que foi desbaratado, por essa esperança morta, pelo futuro desfeito, malsonhado. Choro de raiva  impotência saudade e crescem-me ímpetos assassinos. Pudesse - ousasse - eu, e mataria quem matou Abril. Depois penso, para quê? Outros virão e serão iguais, oportunistas, mentirosos, matadores da esperança.
Não há tempo para o sonho, e pelo sonho tenho ido tantas vezes.
Agora não. Agora nada.
E quero esquecer esse mês, e passarei esse dia sem festas  e sem emoção, sem canções de luta.
Abril, que seja outro. Um que venha e valha. E pode ser de madrugada.
.

14 março 2010

17 janeiro 2010

vermelho

a quem, poeta, num comentário me atribuiu uma cor..

serei então 'encarnado', 
vermelho-rubro
eu auto-fágica, consumindo-me chama
eu incêndio - dentro, em volta
desenhando o tempo
a rojo-sangre
eu às vezes.
ansiando des-ser
vermelho
queria-me ausência, branco, preto.

ou azul



.. um quadro de Egon Schiele

27 dezembro 2009

à noite .. com Roman Morhardt

lá fora o vento assobia numa fúria, infiltra-se pelas frinchas num ímpeto ocupante, abana portas como pretendendo deitá-las abaixo. penso em como são mal construídas as nossas casas. e que está uma noite boa para lareiras e aconchegos. bebo um descafeinado intenso, fumo sgs. desvio o olhar da desarrumação em volta. penso em quê? penso em tudo o que não vou fazer, nas férias que passam num ápice, nas coisas, nas pessoas que preencheram este ano que acaba. uma tristeza desce e eu ando incapaz de pegar num livro. auto-analisei-me sobre essa incapacidade, acho que a percebo: recuso-me um dos grandes prazeres que tenho, e acho que sei porquê..

26 novembro 2009

heridas de muerte las palavras (*)

uma canção com garra: The power game




.. e, descoberto num post antigo, um comentário .. premonitório?

estou agora no Brasil e resolvi comentar algo que acabei de descobrir (cheguei há um dia)
Sabem que há professores no Brasil que ganham menos que o salário mínimo?
Pois é...
E não digo isto para que pensem na sorte que têm, mas sim para que pensem na vossa sorte num futuro próximo.
Depois do vosso legado à futura geração de docentes que foi mostrar ao governo e ao país que 120.000 se unem para depois desistirem, não é descabido pensar que dentro de alguns anos poderemos ver, também aí em Portugal, professores vivendo nos limites da pobreza...

por L. Faria

(*) Siento esta noche heridas de muerte las palabras
 (último verso do poema NOCTURNO, de Rafael Alberti, aqui )

18 outubro 2009

um pouco de Shakespeare ..

HAMLET: To be, or not to be - that is the question:
Whether 'tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune
Or to take arms against a sea of troubles
And by opposing end them.


To die, to sleep -
No more -

and by a sleep to say we end
the heartache
, and the thousand natural shocks
that flesh is heir to.

'Tis a consummation
Devoutly to be wished.

To die, to sleep ..

To sleep .. perchance to dream: ay, there's the rub,
For in that sleep of death what dreams may come
When we have shuffled off this mortal coil,
Must give us pause.

[...]


dito, aqui, inteiro, em italiano.. lindo..

desenho de Gustav Klimmt

13 outubro 2009

This Mortal Coil ..


  • On the floating, shapeless oceans
  • I did all my best to smile
  • till your singing eyes and fingers
  • drew me loving into your eyes.
  • And you sang "Sail to me, sail to me;
  • Let me enfold you."
  • Here I am, here I am waiting to hold you.
  • Did I dream you dreamed about me?
  • Were you here when I was full sail?
  • Now my foolish boat is leaning, broken love lost on your rocks.
  • For you sang, "Touch me not, touch me not, come back tomorrow."
  • Oh my heart, oh my heart shies from the sorrow.
  • I'm as puzzled as a newborn child.
  • I'm as riddled as the tide.
  • Should I stand amid the breakers?
  • Or shall I lie with death my bride?
  • Hear me sing: "Swim to me, swim to me, let me enfold you."
  • "Here I am. Here I am, waiting to hold you."

29 junho 2009

ter 20 anos

Aqui há tempos (quando o ambiente +/- sadio das escolas ainda justificava festas) pediram aos professores que escrevessem um texto, um poema, uma frase, sobre o tema "ter 20 anos".

Isto foi o que me saiu ..

TER 20 ANOS

É um fogo-de-artifício.
É estar na dança - e ser o centro.
É acreditar-se imortal,
filho de Deus,
o próprio – quem sabe?
É agarrar o mundo a quantas mãos
do impossível
brotem como fontes.
E é ser a onda
que vem visitar a praia
e vai
revoltear o mar.
Um riso que não se apaga,
uma paixão!
Fogo ateando fogo.
Um rodopio de palmas,
uma festa.
E é “amar, amar perdidamente”.
É Florbela , é Sophia,
E o Caetano Veloso, pois então!
Verso redondo muito prenhe
de alegria.
É rima – ou não – isso que importa?
É espiral de sonho.
É luz.
É vida
tão vivida.
Viva!

10 junho 2009

o elogio do amor puro, por MEC

(...) « O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. »


excerto de um texto de Miguel Esteves Cardoso, roubado daqui (alô Fátima! :-)