13 fevereiro 2009

a literatura, as paixões: José Luís Peixoto

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E agora, como prometido (.!.) José Luís Peixoto, escritor português, galardoado com o prémio José Saramago em 2001*
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Conheço-o há pouco tempo. Até agora li 2 livros seus, o 'Nenhum Olhar' * e 'O Cemitério de Pianos'. Já comprei o 'Cal'..
  • dele sei .. que tem a idade do "25 de Abril", muitos piercings, tatuagens qb.
  • que tem um blogue (a q. vai m.to pouco mas onde deixa uns textos deliciosos..), um site (coming soon).. ; que está no My Space.
  • que de si diz : Tenho um punk dentro de mim, debaixo da minha pele ...(não percam o texto:!! - 'Not dead ' - 4º post, aqui)
  • que às vezes não usa maiúsculas e 'reflexivou' o verbo parar: ele, ela, parou-se, nem mais..
  • que parece ser uma pessoa encantadora, e tímido, tímido (apesar de punk ..:)
  • que a tristeza infinita daquele olhar nas contra-capas se tem vindo a esbater..
  • que tem um humor surpreendente, delicioso: e um texto ** q o ilustra: a ler, absolutamente (aqui ao fundo)
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Sei que há-de vir à ESAG (Março?) e que não vos perdoo se não me convidarem a assistir ( alô 10.º B!! .. :-)))

Sei também que José Luís Peixoto é fã
(penso q incondicional) do escritor argentino Julio Cortázar, (clicar para ver post) de quem, de resto, prefaciou a edição portuguesa de "Rayuela/o jogo do mundo". Que fielmente, amorosamente, lhe adoptou/adaptou as transgressões estruturais no romance 'O Cemitério de Pianos'. 

sei, sobretudo, 
  • que escreve .. como que com o corpo todo. 
  • que cada palavra inserta é tão absolutamente a palavra certa, que dir-se-ia ter sido sonhada antes.
  • que os seus personagens são de uma humanidade enternecedora.
  • sei que a sua prosa é tão.. mas tão .. intensamente poética
  • e que a sua escrita é bela e flui , que é insinuante e dolorosa , que sem apelo toma conta de nós como um 'mal de vivre' que. (Isto é uma das coisas q ele faz, acabar as frases deste modo impossível e no entanto tão rico de hipóteses, de leituras ..)
 .

 Deixo-vos com ..

  • uma fotografia surpreendente, por aqui (+/- a meio da página, têm de procurá-la ;))

e já agora .. nesta importada celebração q dá pelo nome de Valentine's Day, com um seu - lindíssimo - poema de amor:

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"...a tua ausência é, em cada momento, a tua ausência.
não esqueço que os teus lábios existem longe de mim.
aqui há casas vazias. há cidades desertas. há lugares.

mas eu lembro que o tempo é outra coisa, e tenho
tanta pena de perder um instante dos teus cabelos.

aqui não há palavras. há a tua ausência. há o medo sem os
teus lábios, sem os teus cabelos.
fecho os olhos para te ver
e para não chorar..."

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e ainda.. o tal texto, referido em cima **

José Luís Peixoto na sua saborosíssima crónica – Verdades quase verdadeiras, no JL
(Jornal de Letras),
acerca das pessoas que dormem nas conferências dos encontros literários:
(...)
«No entanto, numa ou outra circunstância, quando estou nessa mesa de microfones e os vejo dormir, sinto uma ternura por eles que só pode ser comparada ao amor.
É uma ternura imensa e absoluta. Não sei ainda se esse sentimento existe por identificação, porque gostaria de estar no lugar deles, a dormir sem rugas na pele, ou se existe por inequívoca impossibilidade.
Sei sim que é um sentimento de família, como se, implicitamente, essas pessoas fossem meus irmãos, irmãs, pais, filhos. É como uma necessidade de cuidar deles, de pousar-lhes uma manta sobre as pernas, uma almofada sob o pescoço perdido.
É como uma vontade de falar baixo para que não despertem, para que tenham a sua tranquilidade assegurada por mais um instante, nem que seja por mais um instante…
De um modo geral, aqueles que dormem são uma minoria da assistência. Em situações excepcionais, já identifiquei dois, três, ou mesmo quatro, numa só sala. Mas continuo a participar em encontros literários e continuo a ter esperança. Aguardo com paciência pelo dia em que toda a sala adormeça.
Três ou quatro autores e teóricos, sentados a uma mesa com garrafas de água e um arranjo floral, a falarem muito baixinho para não acordar a assistência, que dorme mais ou menos profundamente: uma sinfonia de respirações, paz.
O aplauso mais puro a ser o contrário de palmas. Mundos e sonhos possíveis a desenrolarem-se por de trás dos rostos. Seria comovente e maravilhoso.»


Num próximo post falarei dos 2 livros que dele já li..


postado por ana lima

32 comentários:

Anónimo disse...

Não o conheço suficientemente para dizer que é um bom escritor

Mas no momento que recebe o prémio Saramago, sobe muito na considerações das pessoas

AL disse...

verdad, verdad,..

mas é um óptimo escritor, na minha opinião..

os alunos q aqui vierem, please, deixem nome e turma, sim? pode ser no 'corpo' da mensagem..

:D

Anónimo disse...

Já li o livro "Uma casa na escuridão" de certa forma gostei do livro só não gostei da parte das invsões mutilados e como ele descreve muito a morte.

Anónimo disse...

Das 37 páginas do "Nenhum Olhar" que li até agora, a minha mente infantil gosta de citar umas linhas da pág. 27. Mas isto sou eu...

É meu amigo (no MySpace, claro) e achei o texto do punk muito interessante (já o tinha lido antes da professora o indicar, fui aos seus links e descobri o blog dele). Ainda não sei que perguntas lhe farei quando ele lá for à escola, mas há-de ocorrer qualquer coisinha...

Ah, e não é o 10ºD que a tem de convidar, mas sim o B, porque o JLP só vai visitar as turmas da professora Otília (A e B). ;)

AL disse...

claro, enganei-me... 10.º B, as minhas desculpas!!!!!!!!!!!!!!!!!!

e eu sei de uma pergunta q ele gostaria q lhe fizessem, mas ñ digo!! quero estar lá!!!!!!!

:-))))))

AL disse...

Ruben: ñ percebi o que queres dizer com 'invsões mutilados' ?!

ñ queres explicar melhor?

André: então e as citações da página 27? Não queres pô-las aqui? - please? :-))

bjis aos 2

Anónimo disse...

pelo que li até agora , do livro « Nenhum Olhar » devo dizer que nunca li nada assim . a maneira do autor escrever , os detalhes que ele dá , os sentimentos que expressa .. A minha sorte é o livro ser muito interessante , porque com coisas secantes eu adormeço rapidinho .

Beijinhos Stora ;D
Joana Correia 10ºB

Anónimo disse...

Por acaso não, senhora professora. São ordinariçes... x)

Anónimo disse...

ordinarices, menino aluno?!;D

não acredito!
O JLP ñ escreve ordinarices.. vou reler a tal pg 27

Anónimo disse...

outro poema de José Luís Peixoto:

o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias, como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo, mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.

eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar, que eu amava quando imaginava que amava.

era a tua voz que dizia as palavras da vida.

era o teu rosto.

era a tua pele.

antes de te conhecer, existias nas árvores e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.

muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.

JLP

Anónimo disse...

Se querem saber sobre as invasões, o melhor é mesmo ler

AL disse...

Ruben, toda a razão, mas bem q podias deixar aqui um 'cheirinho', não?

só para abrir o apetite, vá lá..

e calculo, então, q os mutilados de q falas acima sejam o 'colateral damage' das invasões..

pensando bem, as invasões só podem ser as francesas .. será?

e isso traz-me à memória o último livro do Pérez-Reverte, "um dia de cólera" - conheces? o livro? o autor?

bjis.. e volta sp! (e vê se convences o teu colega Rafael a vir aqui tb!!:-D

Anónimo disse...

Olá olá.

eu li o "morreste-me" e das poucas páginas que contêm esse livro estão todas cheias de sofrimento devido à morte do seu pai.
sinceramente, eu acho os seus metodos de escrita um pouco estranhos, pois no meu livro fala de que o seu pai morreu de uma doença prolongada enquando no livro do Ruben "uma casa na escuridão" fala que o pai matou a escrava com uma chave de fendas e de seguida matou-se a si proprio.
agora, uma boa questão a colocar: será que José Luis Peixoto escreve o que vive ou inventa aquilo que quer escrever?
acho a segunda hipotese mais apropriada mas se ele inventa é porque de certa forma gosta de coisas ligadas à morte ou então viu filmes de terror a mais :P

AL disse...

Oi Ana, obrigada por teres 'aparecido' por aqui! está visto q os domingos, com mais ou menos sol, são mesmo dias de 'pacholice', de ficar em casa..;)

Qto aos livros do JLP: não li nenhum dos q referes, mas calculo que o 'morreste-me' seja mais ou menos auto-biográfico. Aquela dor, aquela insuportável tristeza, sente-se ainda no 'nenhum olhar', q, se ñ me engano, foi escrito no mesmo ano.

Em 'uma casa na escuridão', e repito, ñ li, o "pai" será o do narrador, q ñ é necessariamente o autor .. penso q seja isso.

«será que José Luis Peixoto escreve o que vive ou inventa aquilo que quer escrever? », perguntas.

Pois .. muitos escritores darão vida a essa dualidade.. e haverá livros que se baseiam mais em vivências, outros que serão pura invenção.. nos dois casos,de qq forma, sempre criação literária, ñ é?

Tb me parece que o desaparecimento de um ente querido tem necessariamente de deixar marcas profundas, e q a questão da morte passe a estar mais presente, pelo menos durante uns tempos ..

agora.. na minha opinião, o JLP é um escritor intrinsecamente melancólico, e acho q é tb isso q torna a sua escrita tão bela, ainda que dolorosa..


Às tantas tiveste azar no livro que escolheste .. por que ñ experimentas o 'cemitério de pianos', q é menos triste?


bjis e .. obrigada, Ana. o teu comentário deu-me o gosto de me pôr a divagar..

Anónimo disse...

Eu li o "Morreste-me", é um bom livro, de que até gostei.
Esse livro mostra toda a dor e o sofrimento do autor pela morte do pai.
E acho que o efeito da escrita que é "repetição" faz todo o sentido ^^

Aldo^^

Anónimo disse...

Não vou dar nem um cheirinho porque assim terão mais curiosidade de o ler :P
Vá vou so dizer uma coisa, no meu livro retrata de uma paixão diferente das outras em que o autor comunica com ela atraves da escrita,e a certa altura não conseguem comunicar mais(é ai que entram as invasões e os mutilados), e mais não digo :P
E concordo com tudo o que a Ana disse, queria só corrigir uma coisa que o pai matou a escrava e a si proprio com um machado.

Anónimo disse...

Li o livro de poesia "GAVETA DE PAPEIS" e pelo que percebi o autor adora utilizar a personificaçao. A personificaçao da aos seus poemas vida e por vezes mais vontade de continuar a ler mas tambem os torna mais dificies de interpretar. Esse foi o unico ponto negativo, mas mesmo assim continuo a aconselhar a leitura deste livro pois e um dos liros com os poemas mais bonitos que alguma vez li e se se ler cuidadosamente e calmamente por vezes somos capazes de encontrar toda a beleza daqueles poemas.

Eu ja li e nao me arrependi.
Beijinhos Joana Costa nº13 10ºB

Anónimo disse...

P.S.
Professora Ana...

Isto também se aplica a si, se nao ler vou ficar muito desiludida consigo!!! Va la nao custa nada... e pequeno e muito interessante!
Força nessa leitura!!1

JOANA COSTA Nº13 10ºB

AL disse...

Oi lindos:
que bom, o JLP parece ter-vos entusiasmado! só é pena q sejam sempre os mesmos a comentar.. q tal envolverem a vossa prof de português nesta 'tertúlia', hein? e o resto dos preguiçosos dos vossos colegas tb, claro! :-))

E.. à propos: acho q, com esta partilha, já mereço q me convidem para a 'private session',como diz o André!! ^^

E então, Ruben, afinal, a "só uma coisa" q disseste já foi um cheirinho!!! :-) e agora ...

pois.. vou-me pôr a divagar outra vez: então o livro 'uma casa na escuridão' há-de ser todo muito metafórico ... as invasões já ñ serão as francesas, mas qq coisa a nível do sonho, do subconsciente, e os mutilados, claro, os q sofrem por amor..

a escrava é o sujeito/ objecto daquela paixão 'diferente' através da escrita - platónica?, e quando os 2 não conseguem comunicar mais, a única saída para: o desespero de ambos/o sofrimento dela (?) ... é a morte, o machado - objecto definitivo - libertando-os ..

que tal, Ruben, acertei nalguma coisa?

E, pois, já sei q ñ vais deixar "nem um cheirinho" !:D - o melhor é emprestares-me o livro: eu empresto-te o 'cemiério de pianos', queres?

bjis

AL disse...

agora para a Joana:

"força nas leituras" é coisa q ñ me custa mesmo nada fazer, embora prefira romances a livros de poesia.. um pouco + difícil é comprar os livros, por isso vais ter de mo emprestar.. tenho o 'nenhum olhar' para a troca, vale? :D

e para todos os alunos q aqui têm vindo falar do JLP, quero q saibam q estou a a-d-o-r-a-r !!

bjis, até 4ª

Anónimo disse...

ah, sb a mudança de avatar (é assim q se diz?) aceitam-se opiniões :P

Anónimo disse...

.. por acaso alguém .. (além do André..) leu alguma coisa do q eu escrevi neste post?

e..?
- concordam c/ as apreciações?
- leram o texto sb as pessoas q dormem nas sessões literárias?
- o poema? - gostaram???;D
- descobriram a tal fotografia? e..?

e .. já pensaram no q lhe vão perguntar qdo ele for lá à escola??

bjis

Anónimo disse...

Pelas 315 páginas que já li do 'Cemitério de Pianos', acho que valeu a pena o tempo que demorei, pois o JLP é 'tão fofinho' na maneira como escreve. Fundamento isto com o facto de usar uma personagem real como base da sua história e conseguir criar um enredo a partir daí. Achei isso bastante interessante, que a história começou a tornar-se real, mesmo sabendo que era ficção.

Bjs***

Anónimo disse...

Não acertou em nada o melhor é ler o livro se não daqui a nada já está a fazer concorrencia ao JLP xD

AL disse...

1º para a Adélia:
'fofinho', o JLP será, com certeza.. agora .. isso de 'criar' um personagem e dar-lhe vida é o q é suposto os escritores fazerem, n'est-ce pas?:-)
claro que ele fá-lo muito bem, com muita coerência, e aí acho q tens toda a razão, quase q nos tornamos íntimos deles, ñ é?

agora o Ruben:
tu não me digas!!!
ñ acertei em nada??
NADA de NADA???
nada - mesmo???!!!!

amanhã levas o livro, emprestas-mo?
qual queres para a troca?
- Nenhum olhar: muito triste, muito bonito
- Cemitério de Pianos: menos triste, igualmente bonito, de mais difícil leitura

Anónimo disse...

Olá stora :)
O livro que estou a ler é o "Cemitério de Pianos " até agora está a ser interessante e estou a gostar da obra, pois o autor tem uma maneira de escrever muito própria, nunca tinha lido nenhuma obra com essas caracteristicas. É um livro grande mas facil de ler.

Tchau, Bjinhos.
:D

AL disse...

Que bom estares a gostar, Paula!

Eu tb gostei muito, dos personagens, da escrita poética, da ternura subjacente..

Fiquei foi um tanto baralhada com aqueles 'capítulos' interrompidos, que continuam 3 ou 4 folhas depois. Às tantas já ñ sabia quem era quem. Afinal quantos narradores tem este romance? 2? 3? Senti necessidade de fazer uma árvore genealógica para me 'situar'...

senti necessidade, mas ñ fiz :-))

e, apesar das baralhações, fui lendo, lendo, sem conseguir parar, até ao fim .. assim são os escritores 'maiores', que nos agarram 'malgré tout'..

Certo, certo, é que gosto IMENSO desta troca de ideias convosco!

bjis

Anónimo disse...

Bom dia

Já comecei a ler o meu livro que é "o cemitério de Pianos" e até acho o livro interessante até a pagina 100. Apartir dai o autor começa a misturar muitas historias o que dificulta a leitura. Mas o livro em geral é interesante

AL disse...

É verdade, tb achei. no 'cemitério..' ele adopta uma 'arrumação' inspirada n1 livro de q falo no post, viste?

eu recomendaria ir pondo umas notas de rodapé (coisa q eu ñ fiz, mas de que dp senti falta), do tipo: continua na pág. tal ... ;-))

Apesar de tudo, acho q o livro se lê até ao fim com prazer, mesmo q nos escape alguma lógica. Fico contente por estares a gostar.. o Anexi é q, pelos vistos ...

:-D

Anónimo disse...

o Anexi ta a ler a casa na escuridão e eu penso que lee ainda nao o começou !!! :)

Anónimo disse...

Li o livro morreste-me e gostei, depertou sentimentos em mim, emocionou-me, trouxe-me a saudade :)

Anónimo disse...

Frases marcantes no livro "Morreste-me":
- "Agora és o rio e as margens e a nascente; és o dia, e a tarde dentro do dia, e o sol dentro da tarde; és o mundo todo por seres a sua pele"
- "...ainda recordo os teus braços a puxarem-me de encontro a ti e tu a ires e eu a ficar sozinho."