Foi no Teatro Camões que hoje vi "À Flor da Pele", de Rui Lopes Graça, coreógrafo residente da CNB (Companhia Nacional de Bailado).
«Esta coreografia pode ser vista como uma pulsação abstracta dos corpos, acentuada pelo minimalismo musical de Philip Glass (...) Todo o tempo da peça é atravessado por uma fisicalidade intensa, um desespero de amor (...), uma ferocidade nos gestos (...)» (do programa, texto de Daniel Tércio)
Saí de lá esmagada - por tanta beleza, tanta emoção. a transcendência dos corpos, a dissonância dos sons, a raiva a dor o desejo. tanta pele, tudo pele, à flor e por dentro dela. músculos que falam, respiram. pernas braços ventres ânsia. corpos procurando-se pele, rasgando-se pele, frenéticos, desesperados. e o amor. presente físico visceral. perdido, reencontrado. enlaços, corpos, delírios, rejeição. pulsão de morte. e a pele, a pele, a pele. Reconheci-me, chorei-me. Esse homem desecho sou eu.
de Rui Lopes Graça, "procuro um rasto de ti":
à flor da pele tropeço nos passos cansados.
à flor da pele trémulo e exausto
tapo todos os poros.
à flor da pele amordaço a esperança.
à flor da pele nado no suor derramado
lamento, encolho e sorvo a fraqueza.
à flor da pele conspiram lugares e olhares
mostro-me nu, estrangulo e mordo a inocência da carne.
mato!
à flor da pele, quebro e morro mais um pouco.
à flor da pele, procuro um rasto de ti.
foto copiada do programa da CNB
e aqui, um excerto da peça:
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