Comigo, não. Estou farta.
- Farta de ter razão e não ganhar nada com isso.
- Farta de alinhar com quem, na rua, esgrime bandeiras de protesto e na escola se põe na fila dos carneirinhos obedientes e acéfalos. Que entrega OI depois de os ter veementemente renegado. Que integra listas para um modelo de gestão que diz repudiar.
Pois comigo, não contem. Estou farta.
- Farta de lutar e ver os sindicatos desbaratarem o potencial da minha luta.
- Farta de ficar sozinha, com mais uns quantos bacanos, numa luta que era de todos
- Farta de palhaçadas, de politicamente correctos, de curvares de espinha à opinião pública.
- Farta de incoerências, de razões da treta, de gente que se tolhe de medo
Dois terços dos professores alinharam nos esquemas do ME. Traíram os ideais que pareciam defender. E traíram os colegas que resistiram.
Não me venham agora com romantismos, manifestações do adeus, declarações renovadas de razões que já não são as vossas.
E não se iludam, falhámos. Houve um tempo em que éramos fortes e a nossa força advinha da nossa união. Depois das mega-manifs, dos 'gloriosos' dias de greve, duas coisas deveriam ter sido feitas:
- uma greve que doesse: por exemplo, às avaliações do 2º período. Convocá-la teria sido o papel dos sindicatos
- não entregar O.I, e não integrar listas para o CGT, o que se esperava dos professores. Que tinham de ter acreditado, individualmente, na força da sua razão. Que deviam ter cumprido aquilo que defendiam.
Nada disto aconteceu. Falharam os sindicatos e falharam os professores.
E eu, que retirei os OI quando toda a gente desatou a entregá-los, não tenho vontade nenhuma de ir à manif de dia 30, como não tenho vontade nenhuma de fazer uma greve de duas horas. De folclore, já me chegou o cordão humano que os sindicatos elegeram como forma suprema de luta, numa altura em que ainda podíamos ter ganho alguma coisa.
Olhos no chão e rabinho entre as pernas. É assim que estamos, e mostrá-lo aí pelas ruas, em minha opinião, é falta de vergonha na cara.
7 comentários:
Tens toda a razão. Eu ainda me estou a aguentar para esta. Porém, não me apetece continuar... Tal como tu estou farta.
Nao podia concordar mais.
Belo legado deixamos às geraçoes futuras: que a vontade 150.000 nao vale nada. Isso é o que o governo e futuros governos que virao aprenderam.
Nao importa a força com que se usa o chicote porque há sempre alguém disposto a levar com ele.
Percebo bem tudo isso, ainda assim espero que a manifestação seja grandiosa, com coro gigantesco em frente a cada altifalante a reclamar greve dura e impedir que o anúncio de mais alguma passeata inócua se ouça.
Ana
Percebo-te. Eu não fui ao cordão humano por todas essas razões.
Mas acho que não consigo ficar em casa desta vez. Pode ser uma maneira de mostrar que não nos calamos.
beijos
A história do cordãozinho foi-me intolerável. Mas estarei na manifestação de 30 de Maio. Nem que seja uma MINIfestação. Por ser ainda mais relevante do que as anteriores. Há quem acredite que isto esta manifestação é conveniente para este ministério? Muito bem, se é inconveniente, lá estarei. Ouviremos dizer que uma manifestação de dezenas de milhar de pessoas é coisa sem importância? Que luxo. E depois, meus amigos... a menina vai para o olho da rua. Se não fossem as manifestações - não sei como o negar - não iria. e vai. "Fomos a jente". :)
Ana Lima,
Penso que estaremos de acordo num ponto: desistir de lutar não é caminho, nem para os objectivos que prosseguimos nem para a nossa consciência.
Um abraço.
Estou farta de ser "usada" para manifestações que depois resultam em pouco. Os sindicatos têm tido um importante papel, de que aliás se vangloriam: organizar a "carneirada" para que ela não ultrapasse os limites consentidos pelos partidos políticos que os controlam.
Não vou`a manif, mas não desisto de intervir onde agora é posssível: nas eleições.
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