Alguém que muito prezo disse-me: «uma opinião é uma opinião, não devias ter retirado a tua!»Também por isso, reponho aqui este post. É a minha opinião, o meu sentir, tenho pleno direito a ambos, sobretudo depois do incitamento ao 'apedrejamento público' de que fui alvo e da maneira como me destrataram pessoas que, afinal, não merecem a minha consideração.
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uma adenda (23/11/09) só para quem tenha a memória curta: façam o favor de ler, aqui , aqui , e aqui - tudo citado neste blogue, aqui
uma adenda (23/11/09) só para quem tenha a memória curta: façam o favor de ler, aqui , aqui , e aqui - tudo citado neste blogue, aqui
Os 13 'magníficos'
Assim vos chamou o João Francisco, depois que todos vocês tiveram a ousadia, o sentido de oportunidade, a lucidez e a verticalidade de publicarem na imprensa a vossa famosíssima 'declaração de intenções'. Na altura, o JF dedicou-vos até uma medalha com a efígie do Paulo Guinote. Congratulou-vos pela 'lição de coragem', chamou aos "Umbigo's thirteen" o valor mais seguro no combate à crise de valores.. (ver) Lembras-te, Paulo? Lembram-se, vocês todos outros 12 magníficos, co-autores do texto?
Era Junho e poucos os professores que ainda resistiam, de facto e no terreno. Sem O.I., andávamos quase todos à toa sem sabermos como proceder em relação à FAA. Cuja entrega os sindicatos aconselhavam. Que era de lei, constava do ECD como obrigação.. Por outro lado, a manif de 30 de Maio tinha reacendido esperanças, incendiado vontades - de não pactuar, de assumir a luta, a justeza das nossas posições - até ao fim. O assunto todos os dias inundava mails e blogues, e no entanto .. peremptórios, defensores convictos - desde o início - da não entrega de coisíssima nenhuma, apenas dois umbiguistas, o Teo e a Reb.
É então que o vosso texto aparece. Estoirou por aí com a incandescência, o troar ensurdecedor de um fogo-de-artifício. No Umbigo, o post teve 399 comentários. No Público, é divulgado com pompa e circunstância. O título-resumo, no jornal, inequívoco. E incontestado por qualquer dos autores: «Os subscritores desta declaração recusam participar numa mistificação e não vão entregar a sua ficha de auto-avaliação»
Sei bem que na vossa 'declaração' tiveram o cuidado de se ilibarem de responsabilidades colectivas. É certo que o vosso texto salvaguardava hipóteses de outras avaliações.
Não interessa. Não interessou, sobretudo, na altura. O que intuí eu, o que interiorizámos muitos, foi que havia um exemplo de verticalidade a seguir, uma única atitude digna e coerente a tomar: não entregar a FAA, nem a 'oficial', nem outra qualquer; não pactuar; não entrar nas estatísticas de sucesso do ME, relativamente às suas políticas de ADD.
Eu .. comovi-me com a vossa atitude arrojada. Eu, senti vergonha das hesitações, das dualidades que até então me tinham tolhido. E desejei estar ao vosso lado naquela hora, sofrer convosco as penalizações que viessem, quaisquer que elas fossem. Escrevi-o, divulguei-o aqui. Levei, talvez, outros a seguir-vos..
Aceito as vossas imperfeições, as vossas fraquezas, como vocês aceitarão as minhas... Mas não vos perdoo.
Não vos perdoo terem (quase todos) entregue um qualquer tipo de auto-avaliação.
Não vos perdoo que, através daquilo que entregaram, se tenham feito avaliar, logo vocês, e quase todos. Escusado iludirem-se, na óptica do ME é isso que vocês agora são: professores avaliados, e precisamente segundo a mistificação que diziam recusar. Como todos os outros, incluindo os que entregaram objectivos individuais, vocês - quase todos - cederam e pactuaram, sim. Paulatinamente integraram-se no sistema, validaram as estatísticas falaciosas do ME, deram força ao despudor da sua propaganda. Vocês - quase todos - falharam na "coerência com as atitudes e posições assumidas no passado".
Não vos perdoo terem deixado sozinhos, não só alguns (2? 3?) dos co-autores do vosso manifesto, como todos os outros colegas que, seguindo-vos, entraram inteiros nesta guerra, levaram a sério os seus princípios éticos.
Não te perdoo sobretudo a ti, Paulo. Eram 13 os signatários do documento, mas um nome sobressaía por direito próprio: o teu. Tu eras o "valor seguro" de que falava o JF. O teu nome era a garantia de que muitos precisávamos. Tinha a força de uma bandeira, a firmeza imutável de uma pedra.
Sinto-me abandonada, traída, e o que me vem à memória é uma frase do discurso do Luther King - em meu nome, em nome de todos os professores não-avaliados:
7 comentários:
como nem tudo são unanimidades e bajulações, transcrevo aqui partes de comentários* que agradeço ..
* no post do umbigo
30
(…) Entregar OI tardiamente ou um documento de autoavaliação não previsto na legislação, tem os mesmos efeitos de quem entregou OI dentro dos prazos ou a FAA: são avaliados. Este é um facto incontornável e por isso também demonstra que foram incluídos no sistema que tanto hostilizaram.
137
Quem é a Ana Lima ????
Alguém que nos últimos três anos mobilizou professores para esta luta como poucos o fizeram; escreveu/divulgou textos, moções, abaixo-assinados; criou blogues, afixou sistematicamente informações na sala de profs; esteve presente em tudo o que foi manifs, vigílias, concentrações; na sua escola (com PCE mais do que adesivo ) nunca deixou de tomar posições em defesa dos professores e da escola pública contra o ECD, contra o modelo de avaliação….NÂO entregou OI nem ficha de auto-avaliação. (…)
178
(…) também sei que somos todos bem crescidinhos e sabemos fazer as nossas opções. Mas se não tivesse havido sargentos, majores, coronéis e generais, a nossa luta teria chegado a bom porto?
Dormiremos descansados no nosso ‘bom’ administrativo, enquanto outros permanecerão numa marcha sem fim?
Mas então, no âmago da luta, o lema não era “um por todos e todos por um”? (...)
219
Há aqui coisas que me escapam, mas não gosto de apedrejamentos públicos, vou fazer umas piquenas férias do umbigo (…)
229
“Ela retirou o post, mas o acto ficou praticado e as solidariedades – estranhas, em alguns casos – também.”
solidariedades estranhas? Não gostei da forma do post, o Paulo já devia ter consciência da sua força, ou haverá qualquer coisa que justifique a agressividade da resposta. (…)
231
(…) O que o sr (colega???) não entende é que, muito antes de o senhor andar por aqui com as suas piaditas chochas e/ou de mau gosto ( para não lhe chamar simplesmente grosseiras, no caso de hoje), já a verdadeira Ana Lima tinha o seu blogue onde se batia pelas causas da Educação em Portugal, escrevia textos maravilhosos muito citados e glosados em anos subsequentes e participava em acções de protesto (…)
234
(…) a quem tem perguntado razões para um desaparecimento súbito, respondo que estão bem ilustradas aqui em bem mais de uma centena de comentários. À turba ululante, adeus, e pode vir a calhauzada.
Se os professores se tivessem atirado às canelas da 5 de Outubro com esta determinação generosa, o pesadelo não teria durado o tempo suficiente para que muitos, sem dúvida entre os melhores, tivessem abandonado a profissão (…)
reponho também, dois dos comentários que na altura aqui me deixaram, e que me merecem toda a consideração:
1.
A mim vem-me à memória Maiakovsky
"Espero
tenho fé
que jamais
jamais passarei pela vergonha
de me acomodar."
Sílvia
2.
Ana,
A este post tenho mesmo que responder, até porque o meu nome também aí está e tu tiveste o cuidado de me enviar um mail com o link para eu o ler, mas vou ser breve.
Não sei exactamente quantos não entregaram coisíssima nenhuma, nem estou preocupada com isso. Sei que na altura as opiniões dividiam-se e eu hesitei um pouco, mas acabei por decidir não entregar rigorosamente nada. Até ao momento não fui avaliada. De acordo com informação do pedagógico, todos os que entregaram a FAA serão avaliados, mesmo os que não entregaram os OIs; só os que não entregaram rigorosamente nada (e o prazo para o fazer já acabou) é que não serão avaliados. Supostamente, é esse o meu caso. Vamos lá a ver no que isto vai dar... Se não for antes, quando completar o tempo necessário para mudar de escalão, ficarei à espera de progredir e, não progredindo, logo verei o que fazer.
Acho que somos todos adultos e responsáveis. A cada um cabe arcar com as consequências dos seus actos. Sei que podemos ser influenciados por terceiros, mas a responsabilidade não deixa de ser nossa. Além disso, no grupo que referes, havia gente que, se bem me lembro, sempre pôs a hipótese de entregar algum documento alternativo. Mas mesmo que não tivesse posto essa hipótese, nós "vemos, ouvimos e lemos", não é, Ana?...
Estamos todos estourados com estes anos de massacre constante. Vamos tentar recuperar um pouco; não nos desgastemos mais do que o necessário!
Um abraço,
Armanda
Fizeste bem em repor o post.
Beijos
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
ah, Sílvia.. como eu me identifico com este poema..
e como tu me lês bem..
beijo graaaaaaaaande,
ana
Como já disse,AL, fizeste bem em repôr este post. Estavas no teu direito.
E, AL e Paulo, vejam lá se fazem tréguas.
Há agora situações graves a pairar sobre as nossas cabeças e precismos de todos. E de vós ambos.
disse-me o meu irmão há tempos, precisamente a propósito dos muitos elogios, incentivos, agradecimentos (..) decorrentes de qq coisa que escrevi no 'umbigo':
"há sempre alguém que nos merece"
por isso quero aqui renovar os meus agradecimentos - à 'amarga' e à 'grelhada', que 'com unhas e dentes' me defenderam quando bem precisei ..
os meus agradecimentos também pelas posições assumidas pela teresa lobato, o 'horace' e o 'v.p.', quando contra mim parece continuar, naquele blogue, uma senha persecutória e maldosa de insinuações.
tinha-o apagado para acabar de vez com a polémica, reponho-o agora, em dia de limpeza de mails..
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para já .. apenas um esclarecimento:
«FIM!
DEFINITIVO!
P.»
foi a resposta - assim, curta e grossa - a uma msg apaziguadora que enviei ao Paulo Guinote (posso pô-la aqui, bem como aos mails que trocámos desde que começou a 'guerra', se forem precisos mais esclarecimentos ..)Quem sabe, não 'posto' qq coisa assim do tipo: "O Paulo Guinote está chateado" ..?..
Pois então, e voltando ao esclarecimento: fim, para mim, é fim - vindo em maiúsculas, do mais inequívoco!
Fim, para mim, não pressupõe largar aqui um comentário que deveria ter antecedido ou substituído um post maldoso no Umbigo (que decorreu de mail que lhe enviei, dando-lhe conta do que tinha escrito..). Não, certamente, uma semana depois do incitamento ao apedrejamento público de que fui alvo e que parece ter-lhe dado supremo gozo..
Fim, para mim, não é PG querer vir aqui, tarde e a más horas, 'desmontar-me o discurso', quando não o faz no seu próprio blogue. Por que será, pergunto-me?!
PG tem o seu imenso palco, o seu séquito de informadores, os seus bajuladores de serviço. Aqui, não!
Comentários em que me insultam e onde se fazem, contra mim ou os meus amigos, insinuações insidiosas, apago-os.
Pena é que PG não aja da mesma forma relativamente aos do mais baixo nível, do mais arruaceiro que acolhe no seu próprio umbigo.
Publicada por AL em o vento que passa a 1 de Dezembro de 2009 23:20
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