o poema (coisa bonita!) chamava-se 'joelho' . perguntou-me: gostas da poesia dela? - a poesia dela .. versos que assim me visitam como bocas, beijos, mãos, um odor quase. palavras percorrendo-me, e a memória incendiada do meu corpo - a poesia dela .. e eu, inexplicavelmente, por tanto tempo desapercebendo-lhe o fascínio imenso. no more.
entrevista do Portal da Literatura :
.
PL : O erotismo é uma marca da sua poesia. A emancipação da mulher, uma outra. (...) .
MTH : Primeiro, não gosto de falar de emancipação da mulher e sim de libertação. Segundo, acho que não há esse lado na minha poesia, o que existe é uma escrita veementemente feminina, uma desobediência, uma audácia desde sempre interdita às escritoras, às poetisas. E como a minha poesia sou eu, ou se quiser, eu sou aquilo que escrevo, e sou feminista, é natural que o feminismo faça parte, de uma forma subjacente, de todo o meu trajecto poético, mas nunca de forma panfletária, primariamente militante. - ler mais .
Maria Teresa Horta nasceu em Lisboa e fez a sua estreia no campo da poesia em 1960, com um livro de poemas cujo título é premonitório: Espelho Inicial. Jornalista de profissão, o seu nome começa por ser associado ao grupo da «Poesia 61». Mas, a partir de 1971, devido ao escândalo que envolveu a publicação das Novas Cartas Portuguesas, de que foi co-autora, e ao processo judicial que se lhe seguiu, passa a ser vista como um expoente do feminismo em Portugal.A sua luta pelos direitos das mulheres é inseparável de uma carreira literária muitas vezes afectada, positiva ou negativamente, pelo seu posicionamento ético. No entanto, e apesar da intransigência das suas convicções, a escritora não se reconhece na imagem estereotipada da «feminista militante»: «Eu sou precisamente o contrário do que as pessoas imaginam das mulheres feministas» (Pública, 208, 21.5.00). fonte
dois p o e m a s
INCÊNDIO
Tu acendes a chama
do meu corpo
pões a lenha ao fundo
em sítio seco
Procuras no desejo
o ponto certo
e convocas aí
o lume aberto
Se a madeira demora
a ganhar fogo
tomas-me as pernas
e deitas lento o vinho
Riscas os fósforos todos
e depois
é mais um incêndio
que adivinho
*
A VOZ
Da tua voz
o corpo
o tempo já vencido
os dedos que me
vogam
nos cabelos
e os lábios que me
roçam pela boca
nesta mansa tontura
em nunca tê-los...
Meu amor
que quartos na memória
não ocupamos nós
se não partimos...
Mas porque assim te invento
e já te troco as horas
vou passando dos teus braços
que não sei
para o vácuo em que me deixas
se demoras
nesta mansa certeza que não vens.
mais poemas aqui
.
2 comentários:
lindos, os poemas!
obrigada por partilhares!
Luísa
Eu gosto! Gosto muito da poesia "dela".
Beijos Ana
Enviar um comentário