09 janeiro 2011

salários para quê?

recebido via mail como "texto da imprensa" :



A questão não é saber se os cortes nos salários são constitucionais ou inconstitucionais. O buzilis é se, com os cortes, os patrões vão conseguir o trabalho feito.

Há que perceber, ou re-perceber que « o salário» não é nenhuma esmola. Se os patrões pagam salário é porque querem lá o trabalhador para executar um determinado trabalho. Se não precisassem do trabalho feito não pagavam salário nenhum.

As reduções nos salários, ou a eliminação do salário por completo, tem a ver com um processo intelectual que tem acontecido na cabeça das pessoas nos últimos anos e que é o desligamento entre «salário» e «trabalho». De uma visão «contratual» de um «salário» pensado como contrapartida de um «trabalho», muitos patrões têm evoluído para imaginarem o trabalho como uma «obrigação» e o salário como uma «esmola» ou um custo para a empresa.

Os programas públicos de «estagiários à borla» e subsídios «de inserção no mercado de trabalho» têm ajudado este fenómeno. Os patrões habituaram-se a que alguém fizesse o trabalho, automaticamente, e que isso nada tem a ver com aquele acontecimento stressante do final de cada mês (e muitas vezes início e meados do mês seguinte) que é o processamento de salários. As receitas da empresa são todas minhas. «É tudo meu». Os custos são culpa do Estado e da Lei. Malditos impostos! Malditos salários!

É este raciocínio que está por detrás do discurso de que os desempregados «não querem é trabalhar!» Deviam ser obrigados a trabalhar. À borla!

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