Persistência milenar de um velho rito de puberdade:
Diz o abade de Baçal: «A festa dos rapazes, celebrada em muitas aldeias (Baçal, Podence, ..) do concelho de Bragança no dia 26 de Dezembro ou no dia 6 de Janeiro, em que os moços percorrem durante dois dias a povoação, mascarados, vestidos de fatos felpudos de variadas e burlescas cores, soltando i-gu-gus estrídulos ao som da gaita de fole, que fazem lembrar o ululantem carmina (a-la-lah, também muito usado), a que já Sílio Itálico aludia no seu tempo...» - in Trás-os-Montes. Exposição portuguesa em Sevilha, 1929, p.12. - fonte
Bragança, 09 jan (Lusa):
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Na aldeia de Baçal, em Bragança, não há baile de verão, Natal ou passagem de ano comparável ao fervilhar dos Reis, quando, durante três dias, irrequietos mascarados põem a população em alvoroço.
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São eles que encerram o primeiro ciclo da chamada "Festa dos Rapazes" que, no Nordeste Transmontano, se dispersam pela natal, ano novo e reis.
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Os "caretos" com máscaras feitas de diversos materiais e farfalhos e coloridos fatos de lã ou trapos são os protagonistas destes rituais que já foram apelidados de "Inverno Mágico". fonte
Não sei se a música do vídeo é dos At-Tambur ou dos Stealing Orchestra .. aqui ficam os respectivos sítios:
Stealing Orchestra - aqui
- outro vídeo sobre os caretos, aqui
- Baçal (Macedo de Cavaleiros, Bragança) - ver website, aqui
- «Caretos ainda tentam salvar aldeias dos castigos do além » - sobre os caretos de Podence (Macedo de Cavaleiros, Bragança) , ler aqui
Caretos de Baçal saíram à rua para participar na Festa dos Rapazes e no Dia dos Reis
Primeiro, os rapazes juntam-se na missa, depois, reúnem-se com o mordomo. Colocam as máscaras e vestem-se para a festa. As roupas não são domingueiras, são carnavalescas, e as máscaras, tanto podem ser de rostos humanos, como de animais ou do diabo. A partir daí tudo é permitido. É a Festa dos Rapazes transmontanos.
A Festa dos Rapazes perde-se na memória dos tempos. Relacionada com o solstício de inverno e aparentada com um rito de passagem para a vida adulta, esta festa, dos rapazes que ainda não casaram, tem sofrido a erosão dos tempos mas o essencial permanece. - fonte
Não há ninguém na aldeia de Baçal, no concelho de Bragança, que escape à má-língua dos rapazes. A lista é tão longa que começa a ser elaborada mal começa o ano e incluiu más acções, vaidades e procedimentos negativos, entre outros.
O importante é, no primeiro fim-de-semana de Janeiro, ter o que proferir perante os populares. A proteger, da fúria dos visados, o rapaz que lança as críticas, estão cerca de 40 caretos, munidos de paus, que gritam e aclamam cada frase pronunciada.
Este conjunto de acções insere-se na Festa dos Rapazes, uma tradição que se realiza há vários anos, pelas mãos dos jovens de Baçal, e que conta, ainda, com a colaboração da Junta de Freguesia (JFB) e com a Associação Cultural e Recreativa Abade de Baçal.
O orador sobe para a fonte central da aldeia e vai apontando todas as falhas e defeitos que os populares vão evidenciando ao longo do ano. - fonte
- LOPES, Aurélio, 2000, A Face do Caos – Ritos de Subversão na Tradição portuguesa, Alpiarça, Garrido artes gráficas.
- PESSANHA, Sebastião, 1960, Mascarados e máscaras populares de Trás-os-Montes, com desenhos de Mily Possoz, Lisboa, Livraria Ferin.
- TIZA, António Pinelo, 2004, Inverno Mágico, Ritos e Mistérios Transmontanos, Lisboa, Ésquilo.
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