03 março 2010

greve da função pública

amanhã estou em greve.  
quando me 'batem', não preciso de ser 'motivada' a reagir, 
só que dêem cobertura legal à minha raiva, à minha insatisfação.


não sei o que sobre esta luta dizem os 'gurus', nem me interessa.
eu sou aquilo que sinto.

posso até ser a única a protestar, não me abala a convicção nem me aplaca a revolta. não diminui a minha razão. e não preciso de companhia para a indignação,  orgulho-me de manter essa capacidade. "um só que fosse.."  (*)

só as ausências se classificam, e já não me afecta este 'ser português': "um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo (..) ".  (**)

Na Grécia, em Espanha, funcionários tão lesados / ameaçados como nós aderem protestam agem manifestam-se - aos milhares. Por cá .. calam, aguentam, arranjam desculpas mil para a inércia, gostam-se 'nêsperas'. (***)

Não importa.

"Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não!" 

(*) de Miguel Torga, "Quantos seremos?"
(**) de Guerra Junqueiro, aqui
(***) de Mário Henrique Leiria, "Rifão quotidiano"

6 comentários:

Anónimo disse...

Há muito tempo, admirei os cristãos que íam a cantar para o circo romano e para os leões...
Hoje, acho estúpido!
Sinto, e tb sinto,apesar de racionalizar,que somos obrigados a esperar pelo "máximo de consciência possível" da maioria silenciosa...
Agitaremos, claro, enquanto, espero que sempre, que essa consciência aumente...
Cria angústia? Cria!
Mas,antes vale alguém politizado à séria, que um mártir de qq holocausto...

Anónimo disse...

Força!
Nós somos pessoas e cidadãos.
Não somos números...

Diogo Costa disse...

Infelizmente a professora é das poucas pessoas que ainda insiste em lutar por causas em que deposita a sua esperança.

Gostei da palavra "nêspera", soube do poema e, obviamente, do seu significado esta segunda-feira, no dia da filosofia da minha escola. :]

Cavaleiro Errante disse...

Lamentavelmente quem um dia escreveu:
"Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não!", não resistiu e rapidamente aprendeu a dizer sim fazendo da contradição e da ausência de projecto político próprio o seu lema.
O pior que há, em termos de grosseria, em termos de incorrecção - seja ela de que tipo for - é a daquele que cospe na sopa que come.
Justiça porém seja feita:
O próprio, já há muito, reconheceu que de alegre (não merece o A maiúsculo)se fez triste.
Afinal, diria eu, "um nêspera!"

AL disse...

obrigada, Diogo.., anónimos, Cavaleiro Errante

- dito (tão bem!!) pelo Mário Viegas, o poema da 'nêspera', "rifão quotidiano", de Mário Henrique Leiria, tem link aí do lado direito deste blogue;

- no mesmo sítio, a explicação da escolha do nome "o vento q passa", q já só associo ao Adriano Correia de Oliveira..

- de quem 'alegre se fez triste' fica um legado precioso: os poemas vivem, perduram, independentemente e apesar da pessoa em q se tornou o seu autor.
.
qq. coisa assim como os princípios políticos, religiosos.. - em teoria mantêm-se perfeitos , ainda q a prática os tenha completamente desvirtuado..

Anónimo disse...

http://arrastao.org/sem-categoria/razoes-de-uma-greve/