13 fevereiro 2009

Portugal a entristecer, F. Pessoa

de Fernando Pessoa, mais um retrato deste Portugal que, cinzento, se eterniza, entristecendo-se ..


Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!


Fim de "Mensagem"; aqui, a fonte ; o quadro, de João Luiz Roth

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