25 janeiro 2011

que tal se trocássemos umas ideias sobre o assunto?

Num post aí abaixo, onde se vêem algumas das razões que levam as pessoas a sentir-se felizes nos seus países, três factores sobressaem no topo do ranking:
  • muito baixos níveis de corrupção
  • ampla distribuição da riqueza
  • óptimos serviços sociais: educação e saúde
Deste somatório resulta uma compreensível inabalável confiança nos respectivos governos - obviamente!! 

Ora acontece que em Portugal há já 37 anos que deixámos de ter uma ditadura, (assumida, entenda-se!..); há 21 que pertencemos a essa almejada e hélas ilusória irmandade chamada União Europeia, e ainda não se vislumbram nem sinais de que alguma vez venhamos a ter menos que uma absoluta e total desconfiança no nosso governo, seja qual for o partido a que ele pertença. Que o mesmo é dizer que os níveis de corrupção fariam inveja a qualquer 'coronel' de uma qualquer 'república das bananas', a distribuição da riqueza é o que se vê e a prestação social do Estado está em aceleradas vias de extinção.

Os culpados? Obviamente - NÓS!
o Estado é cada um de nós
  • Nós que tivemos um Agostinho da Silva a apontar-nos o caminho e paulatinamente o ignorámos por excêntrico, tolos. Ele que, celebrado lá fora, dizia na televisão, para quem o quisesse ouvir - e cito de memória: «Não pago impostos, porque se os pagasse, havia de exigir saber em que é gasto o meu dinheiro!»
  • Nós que tudo comemos, e calamos, e pedimos mais. Que sabemos de todas as poucas-vergonhas e encolhemos os ombros. Que passamos 15 dias a sofrer com o rapazinho assassino e queremos lá saber dos nossos velhos, dos nossos pobres, do futuro dos nossos filhos.
  • Nós que achamos que antes morrer que passar pela vergonha ou a chatice de reclamar - e ele é no café e no restaurante, no sapateiro e no supermercado, no emprego e lá por casa (verdad, mulheres de 'apenas'?)
  • Nós que passamos a vida a suspirar por um dom sebastião e não mexemos uma palha para mudarmos o nosso destino. E o entendemos como um inescapável fado - ontem, hoje, quiçá eternamente.


Pois.
O texto que segue chegou-me por e-mail. Procurando (em vão) a sua autoria, encontrei-o citado em inúmeros blogues. Ainda que repita o que já vimos, ouvimos, lemos até à exaustão, está bem escrito e parece-me bem documentado. Se é em tudo fiável, não sei. Sei que apoio cada uma das 'medidas de contenção', e recomendo que o leiam e o passem, se é que por mero acaso não preferem juntar-se-me numa revolução ..


* * *

«Ora aqui vai outro importante contributo para que o Ministro das Finanças não continue a fazer de nós parvos, dizendo com ar sonso que não sabe em que mais cortar:

Acabou o recreio!

Se todos vocês reencaminharem como eu faço, ao fim do dia seremos centenas de milhar de "olhos mais bem abertos".
Orçamento do Estado:
- Todos os ''governantes'' [a saber: os que se governam...] de Portugal falam em cortes das despesas, mas não dizem quais, e em aumentos de impostos, a pagar pela malta.

Não ouvi foi nenhum governante falar em:

  • Retirar as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros, motoristas, etc.) dos três Presidentes da República retirados.
  • Redução dos deputados da Assembleia da República e seus gabinetes, profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias na Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações,tudo à custa do pagode
  • Acabar com os milhares de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e têm funcionários e administradores com 2º ou 3º emprego.
  • Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de euros mês e que não servem para nada, antes acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.. Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em 1821, etc
  • Redução drástica das Juntas de Freguesia.
  • Acabar com o pagamento de 200 € por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75 € nas Juntas de Freguesia
  • Acabar com o Financiamento aos Partidos. Que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem para conseguirem verbas para as suas actividades
  • Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País.
  • Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias, e até os filhos das amantes.... Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos.
  • Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos às escolas, ir ao mercado a compras, etc. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e respectivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis...
  • Acabar com os "subsídios" de habitação e deslocação a deputados eleitos por circulos fora de Lisboa... que sempre residiram na Capital e nunca tiveram qualquer habitação nos circulos eleitorais a que concorreram!
  • Controlar os altos quadros "colocados" na Função Pública (pagos por nós...) que quase nunca estão no local de trabalho. Então em Lisboa é o regabofe total: HÁ QUADROS QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE ADVOGADOS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES, QUE NÃO OS DA COISA PÚBLICA...
  • Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há hospitais de província com mais administradores que pessoal administrativo. Só o de PENAFIEL TEM SETE ADMINISTRADORES PRINCEPESCAMENTE PAGOS... pertencentes às oligarquias locais do partido no poder...
  • Acabar com os milhares de pareceres jurídicos e outros, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar..
  • Acabar com as várias reformas, acumuladas, por pessoa, de entre o pessoal do Estado e de entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.
  • Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP, com os juros devidos!
  • Perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e quejandos, onde quer que estejam e recuperar essas quantias para os cofres do Estado.

E por aí fora... Recuperaremos depressa a nossa posição, sobretudo a credibilidade tão abalada pela corrupção que grassa e pelo desvario dos dinheiros do Estado .

Quem pode explicar por que é que o Presidente da Assembleia da República tem, ao seu dispor, dois automóveis de serviço? Deve ser um para a "pasta" e outro para a "lancheira"!...


(...) Nós, contribuintes, pagamos tudo. E só temos culpa porque somos frouxos, passivos, indolentes. »


*
- mais sobre Agostinho da Silva: aqui
- o título do post é um desvio ao nome de um romance de Mário de Carvalho,  "Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto"

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