14 julho 2010

a poesia de Sylvia Beirute

ÚTERO


procurando a tua cabeça: quero acordar-te, devolver-te
ao meu útero, teu colar planetário,
fazer-te regressar ao sangue de olhos fechados e incubadoras,
soterrar o teu nome no meu nome, o teu movimento
no meu santuário faminto,
a minha culpa e aguaceiros no teu desejo indeciso de
beleza e desvios. dar-me-ás o teu azul
para que o meu vermelho denso o golpeie de ocupação e pele,
para que duas solidões
se aconcheguem e tornem uma só. e depois, mais tarde,
numa meia-noite de existência avulsa, dentro de mim
dirás o sexo, o sexo
como arredores de um lugar belo.


Sylvia Beirute (*)
.
poema e dados retirados daqui

(*) Nascida em 1984. Portuguesa, natural de Faro. Estuda cinema e teatro. Autora do blog "uma casa em beirute" (aqui

imagem de Cruzeiro Seixas

1 comentário:

Paulo Seixas disse...

"o sexo como arredores de um lugar belo". será o amor?