23 fevereiro 2010

saudades do 'andarilho'

Zeca Afonso morreu num dia 23 de Fevereiro, há 23 anos
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«Provavelmente, o mundo está mesmo feito às avessas! Anda um tipo como este Zeca a vida inteira a dar a voz e o corpo pelas causas dos outros, passam-se anos a fio de viola às costas a cantar as utopias sonhadas no dia-a-dia, e acaba tudo assim. Estupidamente, numa madrugada de chuva indecisa, como se nada tivesse acontecido antes, como se todo o passado não fosse senão um sonho longínquo. Nós, no entanto, sabemos que não foi um sonho. Crescemos a ouvir Menino de Oiro e Os Vampiros, aprendemos de cor os versos de Vejam Bem e de Grândola. Aprendemos, com o Zeca Afonso de todos os cantares andarilhos, a saborear o gosto dos encantos e das emoções, a desejar e a lutar pelas cores da liberdade.» Viriato Telesfonte
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maria faia
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José Afonso, trovador, é o mais puro veio de água que torna o presente em futuro, que à tradição arranca a chama do amanhã. No tumulto da contestação, na marcha de mãos dadas, com flores entre os lábios, é ele a figura de proa, o arauto, o humilde, o múltiplo, o doce, o soberbo cantador da revolta e da bonança. Urbano Tavares Rodrigues

já o tempo se habitua

«O Zeca era um génio. Não gosto de empregar esta palavra levianamente, no sentido norte-ou-sul-americano do termo. Somos todos geniais. Pois. Mas o Zeca era mesmo genial. E muito queria que isto não fosse um consenso, mas um dado adquirido. A diferença é subtil, mas fundamental. Porque o livro do Viriato dá a conhecer muito melhor o Zeca, e mais: dá vontade de ouvi-lo e gozá-lo e perceber como é que ele foi capaz de unir tantas referências numa obra criativa única. Um dado progressivamente adquirido, como eu gostaria que fosse a vida. Por breve que se progrida, por curta que para nós, felizes nós, tenha sido a vida dele.» - Sérgio Godinho, prefácio de "As Voltas de um Andarilho", aqui
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canto moço
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«Houve um tempo em que tínhamos apenas os nossos cantores. Hoje, temos a eternidade deles, que é feita à nossa medida. José Afonso continua fora do tempo e das gerações porque nunca foi um credo nem um mito, menos ainda uma lenda não comportada pelos sentidos da música. Ergueu em torno de si, sem nunca ter tido esse propósito, uma escola para a educação e para o sentimento do mundo. Da sua vida, é injusto dizer que passou. Seria aliás ofensivo recordá-lo apenas como um caso de fé. Uma coisa que dele sei é que pode hoje estar aqui, e amanhã ter-se ido no vento, porquan­to nunca teve um  destinoJoão de Melo
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maio, maduro maio


Nascido para, como diz a cantiga, "abrir grandes janelas", o Zeca sempre suportou mal o fechamento - quer o das ideias, quer o dos espaços. Zé Mário Branco
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canção do desterro
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documentário (muito bom) com e sobre o Zeca .. e não só ..
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Zeca Afonso - Concerto Coliseu Lisboa, 1983

biografia, AJA (Associação José Afonso)

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