Ouvi ontem o Mário Nogueira na rádio, comentando o acordo com o ME .. verdade que me pareceu completamente 'engasgado' ..
e.. sabem? o cansaço, a desilusão com este processo todo andam a tolher-me vontades, energias. depois do que vivemos nos últimos 4 anos, das lutas todas em que nos empenhámos, da capitulação que se seguiu...
ver tudo regressar à estaca zero..
- a opinião pública que de novo se vira contra nós,
- os sindicatos que voltam a alinhar em espécies de memorandos,
- os professores que parecem não estar 'nem aí ',
- sobretudo as mentiras, as leituras enviesadas da ME,
- a imprensa que se cola e não questiona,
- e o fazerem de nós parvos, outra vez e ad eternum..
Deixei de acreditar, perdi a capacidade do espanto (e estou a repetir-me..). Estou cansada de ilusões, rendo-me à evidência das utopias - definitivamente utópicas. Como disse o Santana Castilho (aqui), somos uma classe que o não é. Prescindimos da força que nos unia, entregámos os pontos, depusemos as únicas verdadeiras armas que alguma vez tivemos. Desagregámo-nos do todo que - impensavelmente - chegámos a ser. Os 120 mil esboroados em pó.
Despertença: o que resta, o sentimento que (me) fica.
a imagem tirei de empréstimo; daqui
3 comentários:
Perfeitamente de acordo. Talvez o essencial da educação e do sistema educativo, que tão pouco se discute, faça mesmo parte de mais uma utopia. Cansada tb,mas não rendida nem vendida...
a grande utopia é pensarmos que somos uma classe, com tudo o que isso implica de união - de esforços para um interesse comum, de adesão e permanência na luta, quando é preciso.
Li por aí, a propósito do acordo sindicatos-ME, que "o M. Nogueira é um judas"..
Pois se ele o é, garanto-lhe que está bem acompanhado, de milhares e milhares de professores - que até agora, pasme-se!!! estão a entregar OI para o 2º ciclo de avaliação!!!!!!!!! - isto, dp de o ME a isso os desobrigar!!!!!!!
Realmente, que podem os sindicatos contra uma (des)classe destas?
O teu desabafo é mais que legítimo. Vamos um pouco atrás só para perceber por que é que foi assim que aconteceu agora. Depois da manifestação dos 100 000 Carvalho da Silva reuniu-se com Maria de Lurdes Rodrigues e Vieira da Silva (então ministro do trabalho) para "concertar" o estado a que estavam a chegar as coisas. Assim foi, logo a seguir os professores levaram com um memorando de entendimento (embora devo dizer por sua própria culpa pois se fossem mais interventivos e bem informados nunca teriam sido levados a assiná-lo. Os professores, contra todas as expectativas voltaram a manifestar-se a 120 000 e nessa noite foi aprovada uma moção em que a Plataforma se comprometia a organizar uma grande marcha em defesa da escola pública, com professores, alunos e pais e quem sabe, a qual nunca se chegou a realizar, convertendo-se esta num mero Cordão Humano de professores resistentes. Repara que agora houve toda uma encenação: a pseudo-mudança operada no ME, a nova cara só sorrisos da Isabel Alçada (a mulher do Plano Nacional de Leitura que ainda vamos ver a permitir que os programas de português do ensino básico sejam ainda mais rebaixados em termos de exigência e de qualidade das leituras, aguarda!) e finalmente esta negociação em que todos se dizem vencedores (!) mas que os maiores vencidos serão as novas gerações de professores que nunca mais poderão ter direitos dignos na sua profissão. Este acordo exemplar tinha que ser feito agora, para servir de bandeira ao governo, para servir de termo de comparação para toda a "concertação" que por aí vem. Só que a "concertação" que Estado, privados e sindicatos preparam é atentatória dos mais básicos direitos dos trabalhadores. E os professores infelizmente sempre tiveram alguma tendência a colocar-se num pedestal em relação aos outros trabalhadores da função pública, pelo que nunca levaram muito a sério a ideia de se unirem todos numa mesma luta, contra o SIADAP, contra a Agenda de Lisboa, determinada pelas políticas capitalistas da UE. Bem isto dava pano para mangas mas este acordo é bem mais perigoso por tudo aquilo que encerra e que representa do que pode parecer à primeira vista!
Força e ânimo para continuar a lutar porque algo me diz que ainda vai ser muito preciso os professores continuarem a lutar!
Um abraço!
PM
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