Estive no cordão humano que levou os professores de novo às ruas de Lisboa. Não deu para ver se tinha muita gente ou não - a desvantagem dos cordões relativa/ às manifs, precisamente. No local da concentração, em frente à AR, as pessoas foram dispersando.. muitas bandeiras do SPGL, umas poucas do sul, do centro, da fenprof. Ao microfone, alguém dizia que éramos 10.000, e que abríssemos espaço para entrarem os professores do norte.
Não sei quantos éramos, nem isso me interessa grandemente. Já deu para perceber que, dos 100, 120 mil que fomos, pelo menos metade entretanto desmobilizou, descreu, baixou os braços..
- Pois eu estive lá hoje, de novo.
- Estive, porque me sentiria mal se não aderisse a mais uma iniciativa, venha ela dos sindicatos ou dos movimentos.
- Estive, sem convicção nenhuma na eficácia deste 'cordão humano', em termos de ganhos negociais.
- Estive, porque os que nisto ainda estão, são já, quase só, os que sempre acreditaram na força da nossa união (e têm, é claro, uma boa dose de quixotismo..)
- Estive, porque é bom encontrar os amigos - sempre os mesmos - afinal, os que fazem coisas: qualquer coisa, ainda que nela não creiam piamente. Os que nunca, mas nunca, aceitarão a condição de nêsperas.
- Estive no cordão como estive nas mega e nas mini manifestações.
- Como estarei numa greve às avaliações do 2º e do 3º períodos.
Tenho plena consciência de que um cordão humano, nesta altura do campeonato, terá, quando muito, a vantagem de alguma visibilidade mediática.
Foi, até, um exercício mais a dar para o folclórico (tão em sintonia com os malhões que a organização teima em pôr no carro de som!), quando o que se deveria ter feito, há já muito, muito tempo, era agudizar as formas de luta, antes que as pessoas desmobilizassem, desatassem a entregar O.I., abandonassem o barco. Nem tudo, no entanto, é culpa da inércia dos sindicatos, das suas hesitações, da muito pouca imaginação que evidenciam, da sua falta de 'garra'.
- Os Professores, enquanto classe profissional, com ou sem apoio de sindicatos, tiveram a solução nas mãos quando se uniram assim, tão sem precedentes, tão convicta e espontaneamente.
- Tiveram a solução nas mãos e abdicaram dela.
- A vitória dependia da firmeza de cada um de nós, da recusa inequívoca (e assumida até ao fim ) deste processo de avaliação que nos vem aviltando e dividindo.
De todos nós - e fomos tantos! , lamentavelmente, ficou um punhado de resistentes. Mas serão esses - seremos nós - que havemos ainda de escrever a história desta luta!
o cartaz lá em cima é do Maio de (19)68 e parece-me tão pertinente, nos tempos que correm..
7 comentários:
Também lá estive. Fui do Porto e parti muito desiludida, uma vez que desta cidade, apenas saíram dois autocarros. No entanto, o que ainda me move é a necessidade de ter a consciência tranquila, na medida em que participo na luta da minha classe profissional, e também pelo facto de considerar que tenho que resistir até ao fim de mãos dadas com aqueles e aquelas que tudo têm feito.
Obrigada,AMIGA, já não somos muitos, mas acredito que, juntos, 'ainda havemos de escrever a história desta luta'.
bjis,
ana
Subscrevo toas as tuas palavras e sinais de pontuação...
Um grande bem-haja por seres assim, colega.
João Francisco
obrigada tb .. a dos sinais de pontuação tem a ver com o cartaz?
;-)
Não, rapariga, tem a ver com tudo aquilo que foi dito e que comungo (cá está uma palavra que raramente utilizo...) enquanto professor.
João Francisco
Concordo contigo, Ana.
Quando vejo ali a imagem do Eça lembro-me sempre de como é saudável ler "Os Maias" de vez em quando - é "extraordinário" como tudo se aplica aos dias de hoje.
Juntos sim, para uma "imensa minoria" (Xfm, remember?) já que as maiorias...
Ai a Xfm...
Mas a Rádio Radar ainda é melhor! :-)
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