17 julho 2011

usar os miolos ..

.
.. que o mesmo é dizer, pôr o pessoal a pensar ..

e a propósito .. eu .. não sei se maior carga horária a português, a matemática, vão resolver o que quer que seja .. a geração dos meus alunos está condicionada (foi condenada) pelas 'novas' tecnologias.. e é essa pressão, que os absorve em cada momento dos seus tempos livres (depois de descontadas as actividades que têm fora da escola, normalmente ligadas ao desporto), que os impede de ler - livros, português bem escrito e bem pensado, à espera de quem o descodifique .. e não há volta a dar-lhe, sem hábitos de leitura ( e a propósito.. o dito, proclamado e propagandeado 'plano nacional de leitura' não parece estar a dar grandes frutos, verdad?) - mas dizia, não há volta a dar-lhe: sem boas leituras não há bons resultados a português, nos exames; sem boas leituras não há espíritos des-formatados da mediocridade televisiva, playstationista, lo que seya .. e é uma luta. que há que travar, por parte dos pais, em primeiro lugar, e por parte da escola, através, basicamente, dos curricula. Há que ler bons escritores, e talvez começar precisamente pelos mais recentes, que são, também, os mais inovadores: José Saramago, José Luís Peixoto, valter hugo mãe, João Tordo, etc, etc
Eu, que tive a sorte (.. é .. ) de crescer sem computadores, praticamente sem televisão, ainda hoje lembro com especial afecto as aulas que a professora de Português reservava para nos ler estórias - e foi aí que ouvi d' A Menina do Mar, d' A Fada Oriana, ... de Sophia de Mello Breyner .. 

*
opiniao
O 'MAGALHÃES'

por João Miranda
investigador em biotecnologia,
um artigo, que não sendo de 'última hora', é uma oportunidade para repensarmos todos os rumos que alguns acreditaram (?) tão certos, tão infalíveis ..

O choque tecnológico está a chegar às escolas portuguesas. Os alunos portugueses vão ter direito ao Magalhães, um computador produzido pela Intel e subsidiado pelo Governo português. Os governantes acreditam que se juntarmos boa tecnologia (concebida nos Estados Unidos, produzida no Extremo Oriente e embalada em Portugal) a maus alunos, más escolas e maus professores vamos obter génios da física e da matemática.

de J. M. Basquiat
Alguém anda a confundir as causas com as consequências. A tecnologia não produz físicos e matemáticos. Os físicos e os matemáticos é que produzem tecnologia. Os alunos portugueses têm hoje acesso a computadores baratos porque alguns dos melhores alunos americanos andaram durante décadas a estudar Física e Matemática. A tecnologia é o resultado de bons alunos. Não são os bons alunos que resultam da tecnologia.

E, de qualquer das formas, é um pouco tarde. Bill Gates e Paul Allen (fundadores da Microsoft) começaram a fazer experiências com computadores (inventados por engenheiros, físicos e matemáticos americanos) em 1968, quando um computador era uma raridade. Ao fazê-lo adquiriram uma vantagem comparativa e conseguiram 40 anos de avanço sobre os actuais alunos portugueses. Bill Gates e Paul Allen aprenderam a programar computadores quando eles não tinham programas pré-instalados nem interfaces gráficas. Para usar computadores foram forçados a programá-los. Quarenta anos depois, os alunos portugueses vão ter a oportunidade de utilizar os programas e as interfaces gráficas entretanto criadas por Bill Gates e Paul Allen. Não vão aprender a programar. Vão aprender a usar o rato para clicar em "janelas" e menus.

O Plano Tecnológico aplicado à educação não passa de pensamento mágico. A história de Bill Gates e Paul Allen sugere que a inovação não resulta da massificação de um produto de consumo. No caso da Microsoft, a inovação (essencialmente comercial) resultou do trabalho de um número reduzido de indivíduos dedicados e com acesso a uma tecnologia rara mas com grande potencial de crescimento.

jmirandadn@gmail.com09 Agosto 2008 

.

Sem comentários: