07 julho 2011

a política e Miguel Torga

.
“ A política é para eles uma promoção e para mim uma aflição. 
E não há entendimento possível entre nós … 

Separa-nos um fosso da largura da verdade
Ouvir um político é ouvir um papagaio insincero.” 


Miguel Torga (1907-1995)

.
Conquista

Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'
.

Identidade 

Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E em vez de rimas, uso
As consonâncias que há no sofrimento.

Universal e aberto, o meu instinto acode
A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Dá beleza e sentido a cada grito.

Mas como as inscrições nas penedias
Têm maior duração,
Gasto as horas e os dias
A endurecer a forma da emoção.

Miguel Torga, in 'Penas do Purgatório'
.
.

"Viajar, num sentido profundo, é morrer. É deixar de ser manjerico à janela do seu quarto e desfazer-se em espanto, em desilusão, em saudade, em cansaço, em movimento, pelo mundo além."

Fonte - Diário (1937)
.

biografia de Miguel Torga: http://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=260
.

Sem comentários: