20 outubro 2010

Rimbaud, poeta simbolista e visionário

ARTHUR RIMBAUD  (1854 – 1891)  nasceu  num dia 20 de Outubro, faz hoje 156 anos.

Sobre o poeta, integralmente retirado daqui:

«O que Mallarmé não parece ter adivinhado é que o "Viajante notável" voltaria, que ia ficar, que não pararia de crescer, que sua influência se estenderia sobre todas as gerações e que aquele garoto seria no século novo não o mestre, e sim, melhor ainda, o mensageiro, o profeta de toda uma juventude febril, entusiasta, rebelde.»
~ Georges Duhamel ~


«Esta página é um ensaio biográfico de uma das pessoas mais extraordinárias que já apareceram sobre a terra. Arthur Rimbaud foi um milagre, um fenómeno de ordem sobrenatural por sua precocidade assustadora e pelo mistério de seu destino, que permanece impenetrável como seu génio mesmo.

Ficamos desconcertados ao saber da existência de um adolescente que compôs, entre quinze e dezanove anos, poemas fulgurantes e visionários, de uma beleza estranha; prosas inauditas; e que ele tenha atingido os cimos do pensamento então inviolados.

Ficamos confusos face à ideia de que este personagem tenha inexoravelmente renunciado à literatura aos dezanove anos e que, na segunda fase de sua breve existência, tenha realizado prodígios dignos de um herói em longas e fantásticas caminhadas, percorrendo a Europa e os oceanos, dando-se a mil e uma ocupações para ganhar a vida, aprendendo uma porção de línguas, para malograr, finalmente, na África, onde cumprirá o resto de seu ciclo infernal em atrozes condições e morrer como um mártir aos trinta e sete anos.

Assim foi a vida trágica de Arthur Rimbaud, um dos únicos na história dos homens. »



citações de Rimbaud:
  • Eu escrevia silêncios, noites, anotava o inexprimível. Fixava vertigens.
  • Acredito que estou no inferno, portanto estou nele.



Ophélia

                              I
Sur l'onde
calme et noire où dorment les étoiles
La blanche Ophélia flotte comme un grand lys,
Flotte très lentement, couchée en ses longs voiles ...
On entend dans les bois lointains des hallalis.
Voici plus de mille ans que la triste Ophélie
Passe, fantôme blanc, sur le long fleuve noir.
Voici plus de mille ans que sa douce folie
Murmure sa romance à la brise du soir.
Le vent baise ses seins et déploie en corolle
Ses grands voiles bercés mollement par les eaux;
Les saules frissonnants pleurent sur son épaule,
Sur son grand front rêveur s'inclinent les roseaux.
Les nénuphars froissés soupirent autour d'elle;
Elle éveille parfois, dans un aune qui dort,
Quelque nid d'où s'échappe un petit frisson d'aile:
Un chant mystérieux tombe des astres d'or.

                         II
Ô pâle Ophélia, belle comme la neige!
Oui tu mourus, enfant, par un fleuve emporté!
- C'est que les vents tombant des grands monts de Norvège
T'avaient parlé tout bas de l'âpre liberté;
C'est qu'un souffle inconnu, fouettant ta chevelure,
A ton esprit rêveur portait d'étranges bruits;
Que ton cœur entendait la voix de la Nature
Dans les plaines de l'arbre et les soupirs des nuits;
C'est que la voix des mers, comme un immense râle,
Brisait ton sein d'enfant trop humain et trop doux;
C'est qu'un matin d'avril, un beau cavalier pâle,
Un pauvre fou, s'assit, muet, à tes genoux !
Ciel, Amour, Liberté : quel rêve, ô pauvre Folle!
Tu te fondais à lui comme une neige au feu:
Tes grandes visions étranglaient ta parole
- Et l'Infini terrible effara ton œil bleu.

                        III
- Et le Poète dit qu'aux rayons des étoiles
Tu viens chercher, la nuit, les fleurs que tu cueillis;
Et qu'il a vu sur l'eau, couchée en ses longs voiles,
La blanche Ophélia flotter, comme un grand lys !


A. Rimbaud, Mai 1870

retirado  daqui (ver tradução em português)

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