19 agosto 2010

and johnny got his gun

Foi o filme mais avassalador que alguma vez vi. Que muito poucos conhecerão, apesar de ter sido palma de ouro no festival de cinema de Cannes, em 1971. Aqui passou numa única sala de cinema e pouco tempo se manteve em cartaz, isto pouco depois do 25 de Abril..

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Lembro-me, ao tempo, de um artigo de Raul (?) Calado no Sete - que dizia, basicamente: "há o filme a, b, c, os filmes disto e daquilo, e há o E deram-lhe uma espingarda (o título português) - imprescindível, sem palavras que o descrevam."
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Lembro-me bem de como as pessoas foram saindo, saindo, saindo, e da sala quase vazia, no fim. E lembro-me do silêncio recolhido, opressivo, da meia dúzia de espectadores que ficaram. Lembro-me  daquele murro no estômago e na alma, sem tréguas. E da quase insustentável violência daquele filme - sem que haja uma única cena violenta, uma cedência a facilitismos de qualquer espécie.

JOHNNY GOT HIS GUN é um filme sobre a estupidez da guerra, de todas as guerras, contado na primeira pessoa, por um impossível sobrevivente. É também um filme sobre a estupidez dos homens - daqueles que mandam, e que se arrogam poderes de decisão sobre a vida e a morte.

Um filme que não esquece, a quem o viu.
Que não podemos, todos, deixar de (re)ver, e que foi agora lançado em DVD.

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trivia:
  • Only a minor success at the time of its release, this long-forgotten film became well known in 1989 when it was incorporated in the Metallica video "One" (1989), which turned it into a cult item.
  • The scenes with Jesus Christ are written by Luis Buñuel.
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- a film made after Dalton Trumbo's anti-war novel 
 the original trailer:


DVD trailer:


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Primeiro e único filme dirigido pelo escritor e roteirista Dalton Trumbo, uma das grandes vítimas do Macarthismo, ''E deram-lhe uma espingarda'' criou a figura do soldado sem nome como uma metáfora de todos os homens que perderam a vida na guerra. A história é narrada em dois níveis: o preto-e-branco da realidade contra as cores do sonho e das memórias de um jovem soldado. Através de um monólogo interior, conhecemos o que foi a sua vida e acompanhamos o que restou de seu corpo, numa sala escura de hospital. (adaptado da fonte)

1 comentário:

L disse...

vou já ao pingo doce para ir ver