a culpa é do clima .. ou da 'gorda' * P.E.??

«A ministra da Educação, Isabel Alçada, foi ontem surpreendida durante a visita à Escola D. Manuel I, em Beja, com uma situação inesperada: o pavilhão polivalente coberto, acabado de construir - ao abrigo do projecto de requalificação do edifício escolar -, deixa entrar água a ponto de interditar o espaço às aulas de Educação Física. A governante (..) argumentou com uma insólita explicação. "Foi-me dito que o miniclima de Beja está relativamente diferente, graças ao Alqueva, que refrescou a cidade, e que tornou um pouco mais húmida esta zona."

Não é conhecida nenhuma interpretação científica que demonstre estar o clima alentejano a ficar mais temperado por causa de Alqueva, embora se especule sobre esta eventualidade.

O pavilhão em causa foi concebido, segundo os técnicos da empresa pública Parque Escolar (PE), em função das condições climatéricas características do Alentejo. Daí que tem apenas uma cobertura, por causa das temperaturas elevadas habituais na região, não tem paredes para possibilitar uma melhor circulação do ar e consequentemente oferecer temperaturas mais amenas no Verão. » - resto da notícia no Público

- na imagem acima, o referido pavilhão, quando em fase de construção

Ora então vejamos ..

• antes de mais, e premonitório,  o artigo de Santana Castilho, * A gorda Parque Escolar , que atesta bem das qualidades-e-não-só da dita empresa pública (obrigatório ler!!) - só um cheirinho: «Ao lado do problema central, acumulam-se os episódios habituais de tudo o que é feito de forma atabalhoada, na ganância de abocanhar antes que a oportunidade acabe (...)»

• depois, as opções arquitectónicas da dita empresa, que constrói  um gimnodesportivo (onde por definição é suposto suar-se, mesmo sem calor por aí além..) com 'apenas uma cobertura' e  'sem paredes' ,  para possibilitar uma melhor circulação do ar e  oferecer temperaturas mais amenas no Verão. 

• finalmente,  a brilhante dedução da ministra Isabel Alçada: se a barragem do Alqueva tivesse de facto 'temperado' o clima alentejano, não se teria justificado uma recomendação à PE- empresa pública - para que incluísse  pelo menos uma paredezita?? Palpite meu, que, obviamente, não percebo nada de nada de construção civil nem possuo diploma que o refute..

Voltando então ao pavilhão e às opções da Parque Escolar: nem coberturas que se prezem nem paredes que se vejam, assim qualquer coisa como .. uma tenda. Ora bem pensado! Pois não se abrigam em tendas - do calor tórrido diurno, das noites gélidas e das tempestades de areia - os beduínos, outros nómadas do deserto? Então? Coberturas não sei quantas põem, e paredes .. se forem de pele de camelo contam? Não terão eles, decerto, o estival vento que em Beja  faz 'circular o ar'.. 

Se bem que, e pensando melhor, em Viseu, tão interior como Beja, nos meses de verão, vento, vento .. recordo-me de noites quase tão sufocantes como os dias, portas e janelas abertas, sequer a leve sugestão de uma aragem .. faltava-lhe o Alqueva, é isso ..

Continuando a pensar, que isto dos pensamentos é mesmo como as cerejas, então e aquele dito popular assegurando que "o que tira o frio tira o calor"? É,  lá se vai a lógica de deduções anteriores .. Certo, certo, é que lá para os lados da Beira Alta, de que se diz suportar 9 meses de inverno e 3 de inferno, as velhas casas de aldeia construíam-se com paredes grossíssimas de granito, tinham janelas pequenas e pelo menos um telhado.. e se eram  frescas no verão!! 

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Pois .. muito baralhante, isto. Melhor deixar as decisões para quem as toma pensadamente, e a PE , evidentemente e como provado, é quem entende destas coisas!!

.. imagens, explicações acessórias a partir daqui, só mesmo para 'enfeitar' o post:

Os beduínos pastores vivem em tendas portáteis, feitas de pele de cabra e de camelo. Estas resistem às tempestades de areia e protegem hermeticamente da chuva. No Verão enrolam-se as faixas laterais, para refrescar o interior. (ora aí está: paredes enroláveis, o que falta ao pavilhão da Escola D. Manuel I!)

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