chegou-me por mail: O PRÉMIO , um vídeo sobre uma fotografia premiada. avassalador. olhava as imagens e só me lembrava de um outro fotógrafo, uma outra guerra, dor, um livro que li: "O PINTOR DE BATALHAS", de Arturo Pérez-Reverte, também ele, durante anos, repórter de guerra.
não vou contar a história, acho que estará aí ao lado, encerrada na capa do romance. apenas dizer do que me tocou, e porque voltou essa emoção, a vontade impotente de alterar o curso de uma acontecimento: a vida jogando-se, enquadrada, urgente, des-existindo para o espectador. antes, uma objectiva, um olhar por detrás, uma testemunha inerte. que pode a fotógrafa, naquele momento? e que direito lhe assiste de observar, só? o que justifica, o que altera uma fotografia?
No romance de Pérez-Reverte, O Pintor de Batalhas, há um homem, um antigo repórter que vai pintando um muro. Pinta batalhas e memórias como que celebrando uma perda, como que despindo-se da angústia a saudade a culpa a dor. o momento inatingível, a morte próxima e a incapacidade, a vacuidade do acto, tão efémero tudo, tudo tão assim derramado em expiações de cor.
E um dia chega outro homem, que o procura, que vem para o matar, um homem mal-exposto num cenário de guerra, uma foto premiada e a vida, a alma devassadas.. an eye for an eye, a tooth for a thousand teeth ..
O que pode uma fotografia?
O que deve, o que pode um repórter?
E que tamanho para um muro onde caiba a culpa?
*
2 comentários:
queria conseguir dizer-te, em duas palavras,
a forma que uma lágrima tem
quando escorrega pela face.
querer, queria. em duas palavras. mas são tantas.
o silêncio. um som. perdido.
um pássaro voa. olha-nos. do alto.
uma revolta. um sentido.
o desespero. um tom. colorido.
uma angústia. um fogo. um salto.
um conto.
queria conseguir dizer-te…
querer, queria. em duas palavras. mas são tantas.
uma lágrima escorrega pela face.
ponto.
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que bonito!!
que pena chegar-me assim, sem rosto e sem nome ..
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