22 fevereiro 2009

Karl Marx, a CRISE e os que lhe escapam

"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável... O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado."
Karl Marx, in Das Kapital, 1867

Não confirmei a verdade da 'profecia' (q me chegou por email) mas, 142 anos depois .. já todos sabemos do crash nas bolsas, das empresas e dos bancos falidos -corrupções à parte -, da crise tentacular que, ao que parece, veio para ficar. Pelo menos por cá, a sua presença de há muito nos é familiar. Dir-se-ia, até .. ter-se tornado indispensável (..?..), em nome de desígnios mais ou menos obscuros. Má língua, claro..


Pois então a maiúscula CRISE - económica, financeira, global: fiquem sabendo que há quem lhe passe ao lado - por cima, melhor dizendo. A notícia abria ontem a página do yahoo: one major U.S. city is virtually recession free e o 'fenómeno' dá pelo nome de Washington: nem mais, a capital dos EUA e 4ª cidade americana. Na foto aqui ao lado, como que confirmando a veracidade das informações, a placidez de uma zona residencial na dita cidade.
Então é assim:
  • enquanto no resto do país a administração Obama se esfalfa no combate à recessão, tapando buracos, subsidiando bancos e empresas, apagando fogos que todos os dias queimam milhares e milhares de postos de trabalho,
  • enquanto na Wall Street de Nova Iorque uma nuvem de desespero se adensa e tolda o mais longínquo horizonte de esperança numa retoma económica,
  • em Washington DC .. a economia .. cresce! A oportunidade de (bons) empregos idem. O sector imobiliário, então, vai .. de vento em popa!
E como é isto possível, perguntarão..
Parece que tudo tem a ver com o chamado 'know how' [education - again ! - alô ME!] e com o tipo de empresas radicadas em Washington, basicamente consultores: financeiros, científicos, informáticos, altamente especializados, e que acabam por beneficiar com tempos de crise. Em baixo, alguns exemplos retirados da fonte:
  • consulting jobs for senior specialists in finance "can pay north of $200 an hour," says Andrew Reina, a practice director for risk consultant Ajilon Solutions.
  • companies such as Computer Sciences Corp., Science Applications International Corp., (...) employ tens of thousands of people in the Washington area and continue to expand.
  • even before the current crisis, professional and business services, which include private-sector lawyers, accountants, engineers, and consultants, made up 21% of metro Washington's annual economic output, even more than the 20% made up by government itself, according to a Business Week estimate based on government data.
  • the financial crisis "creates opportunities for companies like ours" to provide expert assistance, says David Booth, Computer Sciences Corp.'s president of global sales and marketing.

«O novo imã de talentos», assim se refere a notícia à cidade de Washington. «Presentemente, é Washington, e não Nova Iorque, que vem atraindo os melhores e os mais capazes. (..) A cidade de Washington lidera o país na quantidade de empregos relacionados com as tecnologias de ponta e no número de trabalhadores com graus académicos superiores

Pois é .. e volto a uma citação mais ou menos recente de um dirigente indiano: "Somos um país demasiado pobre para nos dar-mos ao luxo de não investirmos na educação!"

  • se por cá, ao menos, se aprendesse alguma coisa com os bons exemplos que nos vêm de fora .. (- e não! não é o Chile, for Pete's sake!! ..)
  • se, ao menos, quem nos [des]governa, não fosse tão tacanho na contemplação embevecida do seu umbigo,
  • se não fossem os senhores e senhoras tão cego-surdos aos bons ventos que correm ..

Se .. pois .

6 comentários:

Cá ઇ‍ઉ disse...

Se... lá está ;)

Anónimo disse...

Muito boa tarde,antes de mais quero dar os parabéns à "stora" de inglês por este brilhante blogue. Apesar de simples, é bastante completo, pois retrata tanto temas actuais (politicas sociais e económicas),como temas ligados à literatura e que vão ao encontro dos gosto da autora.

Karl Heinrich Marx, filósofo e grande economista, atribui as culpas da futura crise (visto a crise ser actual e o texto datar de 1876) a um agente economico: os donos de capital, ou seja, as grandes empresas.
Para mim "pequeno" e futuro economista, a culpa não é maioritariamente de quem usa a arma publicitária (bastante agressiva) para vender o seu produto de forma a obter o lucro máximo, mas sim de quem "dá o braço para ajudar quem não tem dentes a passar a rua, e acaba por se mostrar um lobo ganancioso levando as roupas do Ser insignificante", usando esta frase da minha autoria, só quero acusar os bancos como principais causadores desta crise, pois é esta entidade económica, que dá nozes ao povo que não tem dentes para as trincar, nem para depois as pagar. As politicas gananciosas a que os bancos se acostumaram , e ao erros que os mesmos cometeram devido à má aplicação do dinheiro do povo para obtenção de maiores lucros levou o Ser insignificante ( o povo) a atravessar uma crise económica que alguns dizem,que permanecerá durante mais que 5 anos.
O governo, sim tem culpa ao não delimitar os poderes bancários; mas acusá-lo é uma ideia errada. A culpa é também do povo, que devido à "má educação económica",se deixou levar no conto do vigário dos Bancos que viam no mesmo a forma mais fácil e cómoda de obtenção de Bens.
Hoje, com um Portugal bastante endividado, já muito faz o Sr. Primeiro Ministro para "tentar segurar o agravamento do défice", e como tal (por culpa dos Bancos),tem de injectar capitais na economia para que muitas empresas quer cá sediadas, quer estrangeiras, não encerrem ou deixem o nosso país ( diminuindo o PIB e aumentando o desemprego) como também vê-se obrigado à nacionalização de bancos.
A nossa divida externa aumenta cerca de dois milhões de euros por hora, e sou da opinião que um TGV, mais unidades Hospitalares, Novas Escolas são necessárias mas não num futuro tão próximo.
Afirmar "...quem nos [des]governa, não fosse tão tacanho na contemplação embevecida do seu umbigo..." deixa-me como Português bastante triste e desmotivando vendo um povo tão desunido e desacreditado. Pensando assim, Portugal, NUNCA SAIRÁ DESTA CRISE! Vamos acusar quem hoje lá está e quem amanha lá entrara, e assim "Alemanhas" e "Franças" estarão sempre na frente e nós como sempre: NA CAUDA DA EUROPA!

Anónimo disse...

al disse...
Olá Ridiculamente Livre!:-))
obrigada pelos elogios,pelo comentário..

Em relação à última parte do post, a ideia era mostrar como o caminho.. será o investimento - sério - na educação. coisa q por cá se faz mal, e sem q haja admissão de erro por parte do poder. não é com facilitismos de CEFS nem propagandas de magalhães (ou half-white-boards nas salas de aula) q se lá vai.

Terás talvez razão qdo dizes q a culpa ñ é deste governo. Eu diria q a culpa é de toda uma tradição de governos e governantes q SE governam muito bem, e talvez tenhamos de render-nos à evidência de um carácter nacional mesquinho, oportunista, corrupto e aldrabão. A lógica do salve-se quem puder dando-se ares de muitas competências..

o 'ser insignificante', já se sabe, como mexilhão q é, deslumbrado - e inculto, repare-se! lixa-se .. até ao momento em q, ele próprio, por qq passe de mágica em figura de cartão - rosa, laranja .. qq cor serve, ascende à condição de cherne. o círculo deste circo, e uma área sem horizontes.

Só a educação, e a mudança de mentalidades, algum dia. Os q ñ se acomodam, esses.. vão-se embora. ou escrevem blogues..

Não compreendo é como podes meter no mesmo saco TGVs e escolas ou hospitais. É que enquanto um é o paradigma das penas de pavão com q queremos dar-nos ares, os outros são, apenas, sectores que não podemos dar-nos ao luxo de menosprezar.

Alguém disse q o grau de desenvolvimento de um povo se vê pelo estado de conservação dos seus dentes. Eu diria que também pelo nível da sua conversa ..

bjis

Anónimo disse...

concordo totalmente consigo quer no q toca aos nossos governantes e aos que se sucederão. E quanto ao Tgv e os hospitais sei q são pólos pois uns são necessidades extremas outros são meros luxos para uma sociedade.

Anónimo disse...

Karl Marx
hum não conheço
Pensando melhor!!!

Há ja me recordo Karl Marks foi defesa central do Amora na epoca de 70/71
Até não se safava mal

Anónimo disse...

€du@rd0 :

há um link na foto para quem queira informar-se