31 julho 2011

sonhos que sonhavam, em Oslo, em Utoya

recuso fazer-lhe publicidade, publicar-lhe, sequer, o nome - que na notícia original substituí por 'o louco' 'tresloucado carrasco', ou 'o louco assassino'

Uma geração perdida de jovens cheios de vida

Vítimas eram o "anti-retrato" do seu tresloucado carrasco

29.07.2011 - 08:19 Por AFP
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Tinham 14, 16, 18 anos e a família adivinhava já neles os líderes ou os activistas do futuro: à medida que a polícia divulga o nome das vítimas dos atentados, a Noruega descobre o retrato desta geração perdida.

As primeiras imagens das vítimas dos ataques de há uma semana começaram a ser divulgadas (Foto: Reuters)


Ao atacar a juventude trabalhista reunida no acampamento de Verão da ilha de Utoya, o louco assassino derramou o sangue novo da esquerda norueguesa, mas também quebrou o destino de adolescentes que eram exactamente o seu oposto: felizes por estarem em grupo, abertos ao mundo e preocupados com os outros.

Entre eles estava Anders Kristiansen, um rapaz de 18 anos de sorriso largo que "sonhava ser primeiro-ministro desde os 5 anos", como contou a sua mãe ao jornal Dagbladet. Quando ouviu os primeiros tiros em Utoya, o seu instinto foi correr em direcção às tendas do acampamento para avisar os que estavam a descansar. Um sobrevivente contou que lhe deve a vida.

"Eu conhecia o Anders. O Partido Trabalhista perdeu um dos maiores talentos da região. Falamos muitas vezes dos políticos do futuro, mas Anders era já um político maduro", afirmou o chefe da diplomacia norueguesa, Jonas Gahr Stoere.

À semelhança do seu, os retratos dos que foram mortos em Utoya e no quarteirão dos ministérios em Oslo - 41 num total ainda provisório de 76 vítimas cuja identidade foi já confirmada - enchem as páginas dos jornais da Noruega.

Que pensaria o louco, perdido na sua "guerra" contra o islão e o multiculturalismo, de Bano Abobakar Rashid, de 18 anos, que deu aos pais a chave "para se integrarem na Noruega"?

Esta morena de belos cabelos compridos, cuja família fugiu em 1996 de um Curdistão em guerra para se refugiar nos arredores de Oslo, tinha já traçado o seu caminho: a juventude trabalhista, estudos em Direito para se tornar jurista e depois um lugar no Parlamento.

"Ela representava o melhor da Noruega multicultural", sublinha Nina Sandberg, responsável regional do partido, citado pelo diário Aftenposten.

O seu amigo Diderik Aamodt Olsen, de 19 anos, que já estava nas listas eleitorais trabalhistas, também perdeu a vida.

Na já longa lista de vítimas confirmadas da fúria assassina, desenha-se um anti-retrato do louco assassino, descrito pelo seu advogado como um ser glacial e alheado do mundo.

Nela está Sharidyn "Sissi" Svebakk-Bohn, nascida na Nova Zelândia e que acabava de festejar 14 anos. A mais jovem entre as vítimas até agora confirmadas tinha "um sorriso capaz de iluminar uma sala inteira", lê-se na homenagem deixada pelos seus pais no Facebook.

E estava também Gunnar Linaker, filho de um pastor protestante, um "bom rapaz" rechonchudo de 23 anos, transformado em "herói" por ter morrido a tentar proteger os mais jovens do que ele. Ou ainda Margrethe, a fã de música, Synne, a blogger, Ismail, o manequim, Silje, a fotógrafa...

"Isto é tão horrível, eles não poderiam ser mais inocentes", emociona-se Linn, uma estudante de 24 anos que encontramos nas ruas de Oslo. "Eles estavam a tentar ser criativos e a tornar-se nos líderes do futuro."
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