Previsão do Instituto de Meteorologia
Chuva e pequena descida da temperatura até quarta-feira
17.07.2011
Isto era uma notícia de mais ou menos 25 linhas, aqui. Está tudo dito no título.
25 linhas, e não há uma explicação, uma pergunta que tente desvendar o porquê deste verão mais outonal, deste vento sempre, deste frio a fazer apetecer meias de lã ..
e vou à procura de quem me traga qq coisa mais elevada, um quadro ou um poema, uma música
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Chove. É dia de Natal.
O Colosso de Goya, esticado |
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
Fernando Pessoa
retirado daqui
*
Chove? Nenhuma chuva cai...Então onde é que eu sinto um dia
Em que ruído da chuva atrai
A minha inútil agonia ?
Onde é que chove, que eu o ouço?
Onde é que é triste, ó claro céu?
Eu quero sorrir-te, e não posso,
Ó céu azul, chamar-te meu...
E o escuro ruído da chuva
É constante em meu pensamento.
Meu ser é a invisível curva
Traçada pelo som do vento...
E eis que ante o sol e o azul do dia,
Como se a hora me estorvasse,
Eu sofro... E a luz e a sua alegria
Cai aos meus pés como um disfarce.
Ah, na minha alma sempre chove.
Há sempre escuro dentro de mim.
Se escuro, alguém dentro de mim ouve
A chuva, como a voz de um fim...
Os céus da tua face, e os derradeiros
Tons do poente segredam nas arcadas...
No claustro sequestrando a lucidez
Um espasmo apagado em ódio à ânsia
Põe dias de ilhas vistas do convés
No meu cansaço perdido entre os gelos,
E a cor do outono é um funeral de apelos
Pela estrada da minha dissonância...
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
daqui
2 comentários:
"Um quadro,um poema",
um abraço,
mário
outro!
um domingo
um fim de dia
uma lua
cheia
invisível
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