15 abril 2011

Carta de uma cidadã portuguesa à administração da Carris

a cambada (uma de 'n' !)
recebido por e-mail

Exmos. Senhores,
José Manuel Silva Rodrigues,
Fernando Jorge Moreira da Silva,
Maria Isabel Antunes,
Joaquim José Zeferino e
Maria Adelina Rocha,


Chamo-me Marisa Sofia Duarte Moura e sou a contribuinte nº 215860101 da República Portuguesa. Venho por este meio colocar-vos, a cada um de vós, algumas perguntas:

Sabia que o aumento do seu vencimento e dos seus colegas, num total extra de 32 mil euros, fixado pela comissão de vencimentos numa altura em que a empresa apresenta prejuízos de 42,3 milhões e um buraco de 776,6 milhões de euros, representa um crime previsto na lei sob a figura de gestão danosa?

Terá o senhor(a) a mínima noção de que há mais de 600 mil pessoas desempregadas em Portugal neste momento por causa de gente como o senhor(a) que, sem qualquer moral, se pavoneia num dos automóveis de luxo que neste momento custam 4.500 euros por mês a todos os contribuintes?

A dívida do país está acima dos 150 mil milhões de euros, o que significa que eu estou endividada em 15 mil euros. Paguei em impostos no ano passado 10 mil euros. Não chega nem para a minha parte da dívida colectiva. E com pessoas como o senhor(a) a esbanjar desta forma o meu dinheiro, os impostos dos contribuintes não vão chegar nunca para pagar o que realmente devem pagar: o bem-estar colectivo.

A sua cara está publicada no site da empresa. Todos os portugueses sabem, portanto, quem é. Hoje, quando parar num semáforo vermelho, conseguirá enfentar o olhar do condutor ao lado estando o senhor(a) ao volante de uma viatura paga com dinheiro que a sua empresa não tem e que é paga às custas da fome de milhares de pessoas, velhos, adultos, jovens e crianças?

Para o senhor auferir do seu vencimento, agora aumentado ilegalmente, e demais regalias, há 900 mil pessoas a trabalhar (inclusive em empresas estatais como a ?sua?) sem sequer terem direito a Baixa se ficarem doentes, porque trabalham a recibos verdes. Alguma vez pensou nisso? Acha genuinamente que o trabalho que desempenha tem de ser tamanhamente bem remunerado ao ponto de se sobrepor às mais elementares necessidades de outros seres humanos?

Despeço-me sem grande consideração, mas com alguma pena da sua pessoa e com esperança que consiga reactivar alguns genes da espécie humana que terá com certeza perdido algures no decorrer da sua vida.

Marisa Moura


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1 comentário:

Marisa disse...

Alô! Sou a Marisa que escreveu a carta aos administradores da Carris. Sem querer fazer disto uma perseguição específica à Carris, partilho uma troca de mails de Janeiro que revela bem o espírito da empresa.

Os mails foram trocados a propósito de uma queixa que fiz no livro de reclamações de uma loja deles. Aproveitei a ocasião para lhes enviar um e-mail sobre o próprio design da loja e webdesign do site. Vê-se que foram feitos com o “look” de hoje, mas com o “know how” funcional (que é o que interessa!) de há 20 anos.

Neste caso é inacreditavelmente disfuncional! O que levanta questões sobre a que empresas terão adjudicado esses trabalhos e sobre a competência de quem lidera as equipas.

A resposta é surreal. Está aqui: http://rightside-ofmybrain.blogspot.com/2011/04/carris-paternalista-e-mentecapta.html