28 fevereiro 2011

como derrubar ditadores ..

Activismo pacífico
O Senhor da (não) Guerra
por HELENA OLIVEIRA
in Jornal de Negócios


Há mais de 50 anos que escreve manifestos que inspiram activistas de todo o mundo a derrubar regimes ditatoriais através de actos não violentos. Gene Sharp tem 83 anos e, apesar de admirar Gandhi, defende o pacifismo por questões práticas, mais ao estilo de Clausewitz ou Maquiavel.
O intelectual norte-americano é mais um pensador que um revolucionário, mas é apontado como o grande inspirador das recentes revoluções na Tunísia e no Egipto. E consta da lista de "inimigos a abater" de um vasto clube de ditadores.
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Para Sharp, o primeiro passo para a mudança de um regime injusto reside na capacidade das pessoas rejeitarem a visão delas próprias como fracas, acrescentando que até o mais brutal dos tiranos deve confiar, até certo ponto, na cooperação e união dos cidadãos que tiraniza e não só nos militares que o protegem. Sharp cita sempre a análise histórica para enfatizar os seus argumentos. E garante que a violência, mesmo ao serviço de uma causa justa, só resulta em mais problemas do que aqueles que resolve, conduzindo a injustiças e sofrimentos ainda maiores. 

E é por isso que sublinha que as acções não violentas constituem os melhores meios para se derrubar regimes corruptos, violentos e repressivos, para além de que este tipo de activismo gera um apoio interno e internacional muito mais coeso, abrindo um caminho mais fácil para a democracia e para regimes não militarizados. Ao longo da História, escreve, a resistência não violenta teve um papel muito mais importante do que aquele que é geralmente reconhecido pelos historiadores. “Ao utilizarem a acção não violenta, as pessoas conseguiram melhores salários, quebraram barreiras sociais, alteraram políticas governamentais, frustraram invasores, paralisaram impérios e dissolveram ditaduras”, escreve também.

Em declarações recentes à Scientific American, Gene Sharp afirmou que a revolução egípcia poderá constituir “o mais poderoso exemplo do ‘poder das pessoas’ na história mundial”. E, citando Gandhi, o senhor da não-violência recorda: “se as pessoas não sentirem medo da ditadura, então é porque esta se encontra com muitos problemas”.

Sharp afirma ainda, em escritos que podem ser acedidos no seu website, que nada tem a ver com os movimentos revolucionários. “Apenas tentamos fornecer materiais que capacitem as pessoas a agir no terreno, que o conhecem muito melhor do que nós, e que podem tomar as decisões adequadas”.

E é através de greves de fome, boicotes, greves, grafittis, vigílias, funerais simulados e um sem número de outros actos pacíficos, mas interventivos, que Sharp delineia as suas estratégias. E avisa que, tal como os generais, os activistas não violentos têm de saber traçar estratégias e, tal como os soldados, estar preparados para sacrificar a sua liberdade, bem como as suas vidas.

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