Esclareço já que não sou professora de português, e as explicações abaixo são fruto do que sei, com a terminologia que aprendi - e que pode não corresponder à moderna nomenclatura ..
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Posto isto :) .. aqui vai uma 'lição' sobre acentos (e não me consta que o bendito "novo acordo ortográfico" interfira nestes exemplos..) :
do cartaz no post abaixo:
se não páras ... não, se não paras ... - assim, sem o acento agudo
- não há necessidade do acento para distinguir paras - com o som aberto no 1.º 'a': / Λ /, de qualquer outra palavra ('paras' com o 1.º 'a' mudo: / ə /, é palavra que não existe)
- ele não pára /'pΛrə /- é o acento que distingue esta forma do presente do verbo parar da preposição para /'pərə/
o mesmo com as formas do passado dos verbos:
- (tu) paraste / pə'rΛste / - não precisa de acento, porque não há outra pronúncia possível, com esta grafia. A mudar a sílaba acentuada (da 2ª para a primeira), a grafia alterar-se-ia para 'paras-te' / 'pΛrəs - te /
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notas:
notas:
- na transcrição fonética, o símbolo ' . indica qual a sílaba acentuada (a que se lê com mais 'força') e põe-se antes dela
- só se incluem aqui os símbolos fonéticos da vogal 'a'
- a forma reflexiva do verbo parar (parar-se) que eu saiba, só é usada (como expressão de liberdade poética) pelo escritor José Luís Peixoto
verbo relacionar, pretérito perfeito simples :
eu relacionei
tu relacionaste
ele relacionou
nós relacionámos *
vós relacionastes
eles relacionaram
* a única forma que, neste tempo verbal, precisa do acento para não se confundir com 'relacionamos', do presente do indicativo
- relacionaste (tu) não tem outra pronúncia possível: não sendo a penúltima sílaba a foneticamente acentuada, a grafia teria de mudar para 'relacionas-te'
- o mesmo com relacionastes (vós) : relacionas-tes não existe
e ...... para amenizar a 'chateza' do post, um naco de boa prosa:
«(..) Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse. »
do Livro do Desassossego,
Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
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