Era uma tarde que recordo quente de modorra e silêncios, seriam talvez férias, na televisão passava "O Amante", de Jean-Jacques Annaud * (sítio oficial, recomendado)
O filme é de uma beleza sóbria, e no entanto 'breathtaking'. Impensadas cordas tangidas pelo exotismo das paisagens, a sem-razão de uma saudade que vem e se insinua, a inquietação instalando-se ao sabor da estória de Marguerite Duras, apaixonada e tão terna como os acordes do piano de Gabriel Yared.
Guardo de "O Amante" a memória dos filmes favoritos, do incomparável bom gosto do cinema francês: a carícia das cores, a dolência da câmara, a sensualidade tanta, apenas percebida. O tempo parado, suspenso de uma paixão que se joga urgente, impossível. O tempo, os tempos. Tu o disseste, Amante, "A inexorabilidade das coisas. O tempo de cada coisa, inexorável!" A memória do tempo, do fim da inocência para sempre, do perder-se de si. Docemente. Inexoravelmente.
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* - J. J. Anneau é o realizador francês de outros filmes inesquecíveis, como "O Nome da Rosa", "Sete Anos no Tibete", ou "A Guerra do Fogo".
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Com o mesmo tema musical de "O Amante", o clip abaixo: lindíssimo, pelas imagens da floresta (e como a ficção apenas imita a realidade!) , e pela música suave, triste, bela, de Gabriel Yared, autor, entre outros, da trilha sonora de "O Paciente Inglês" e do tema de fundo do vídeo no post anterior..
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3 comentários:
Muito bom o filme, mas prefiro o livro. Aliás, acho a Marguerite Duras brilhante [pessoa e obra].
Beijo para ti, ana
:-)
Filme intenso, revisto muitas vezes, e quase todas por casualidade. Ou não, se se acreditar que não existe tal coisa.
E pode ser que os Gabriéis (com acento, sem ele? palavra nova, o Almada Negreiros haveria de gostar) sejam todos artistas...
olá Valerie, Alex - um prazer ter-vos por aqui..
os gabriéis ou os gabriels, tanto faz, desde q sejam artistas. e venham palavras novas, que viva o almada!
bj
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