Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
Mário Henrique Leiria,
in Novos Contos do Gin
sobre Mário Henrique Leiria (1923 – 1980) ver o sítio "Vidas Lusófonas" - só um cheirinho:
«Ó Mário-Henrique: conhecemo-nos em Lisboa, no Café Chiado, em 1951. Tinha eu uns 20 anos e tu eras mais crescidinho, terias uns 28. Lembras-te? Se não te lembras, lembro-me eu, tu sempre agitadinho e a provocar tudo e todos, militância surrealista, as coisas arrancadas do seu lugar habitual, humor negro, a tua rebeldia a oscilar entre as artes plásticas, a prosa e a poesia.
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No interior de uma das casas de banho do Café há, na porta, um poema escrito com tinta ácida, impossível de apagar:
No interior de uma das casas de banho do Café há, na porta, um poema escrito com tinta ácida, impossível de apagar:
Aqui
cagou
Pio XI,
Rei dos Ciganos.
Negas ser o autor mas desmanchas-te a rir e mais me convenço que o poema é teu.
O que tu adoras é choques em cadeia, dentro ou fora das casas de banho... »
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- cantiga dos ais (Mendes de Carvalho) : http://www.youtube.com/watch?v=YzN9uqb97bA
- o guardador de rebanhos (F. Pessoa) : http://www.youtube.com/watch?v=AECIzpPODMo
- a cena do ódio (Almada Negreiros) : http://www.youtube.com/watch?v=bm0JxtLdZfk&feature=related
do sítio da Companhia teatral do Chiado :
Mário Viegas ( 1948-1996) * é e será recordado pelo «seu exemplo de homem livre e insubmisso, o seu amor à cultura, à poesia, ao teatro e ao cinema, a qualidade e a inteligência do seu humor» (Dr. Jorge Sampaio, Presidente da República, citado in "Semanário, 4 de Abril de 1996). «Impetuoso, rebelde com o gosto da provocação, se alguém fosse redutível a palavra, excesso seria talvez a mais adequada a uma tentativa de definir Mário Viegas» (Elisabete França, "Diário de Notícias, 2 de Abril de 1996).
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