22 janeiro 2010

Os « Restaveks», as crianças escravas do Haiti

.. àqueles dos nossos alunos que acham a escola 'a maior seca' ..


Quando se pergunta a Sylvine, uma pequena haitiana de seis anos, qual o seu passatempo favorito, ela não diz brincar com bonecas. Responderá, em compensação, «varrer».
Como a milhares de crianças haitianas, a sua mãe, uma camponesa pobre do norte do país, pediu-lhe que «ficasse» com uma família mais endinheirada da capital, na qual ela trabalha como empregada doméstica há dois anos.
A primeira a levantar-se em casa, no bairro de Pacot, às cinco da manhã, esta menina frágil é a responsável por ir buscar água potável à fonte pública, a 5 quilómetros de distancia.
São menos de um quarto os habitantes de «Puerto Príncipe» que têm em casa água potável. E por isso se vêem imensas crianças atravessando a cidade com uma pesada carga de bidões. São os «Restaveks», nome crioulo que significa «ficar-se com». São cerca de 200.000 pequenitos submetidos à escravatura no Haiti, e, entre eles, uma enorme quantidade de meninas.
Em 1994, o Haiti ratificou a convenção relativa aos Direitos das Crianças, mas esta primeira república negra independente (1804), que pagou um preço muito alto na luta pela abolição da escravatura, não conseguiu ainda fazer desaparecer a prática de escravização das crianças pobres.
A pequena Sylvine, durante a sua jornada de trabalho, que se prolonga por cerca de 16 horas, além de limpar a casa deve ainda ocupar-se com os filhos de um primo distante que os coloca à sua guarda. Em troca, não recebe salário, nem sequer muita comida e dorme fora de casa num colchão.
«Não tenho tempo de brincar, a minha actividade preferida é varrer", diz a menina, que se queixa dizendo que «não me deixam ir à escola como prometeram à minha mãe». ler mais

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